A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora manifestou-se esta sexta-feira favorável ao plano para as eólicas ‘offshore’ publicado em Diário da República, por ser “o que é menos mau” para o concelho de Caminha.
Em declarações à Lusa, Carlos Sampaio, director da associação, alertou que uma eventual correcção ao diploma publicado em 7 de Fevereiro deixaria os pescadores de Caminha “enclausurados entre dois parques eólicos monstruosos” – o português e o espanhol, com instalação prevista “em frente à praia de Moledo”.
“O polígono publicado no Diário da República é o que é mais favorável para Vila Praia de Âncora e Caminha. Preferíamos não ter nada, mas aceitamos esta solução porque é a menos má para o concelho”, explicou Carlos Sampaio, representante daquela associação de pescadores de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha, distrito de Viana do Castelo.
O responsável sublinhou ainda que o Plano de Afectação para as Energias Renováveis Offshore (PAER) aprovado pelo Governo “libertou o pesqueiro mais importante do concelho de Caminha”, o da Serra do Norte, “usado por seis embarcações costeiras do concelho”.
“Se o polígono viesse mais para norte, esse pesqueiro seria cortado a meio”, avisou.
Por outro lado, esse avanço para norte deixaria os pescadores de Caminha “presos entre dois parques eólicos”.
“O parque eólico galego vai ficar a um quarto de milha, ou seja, a cerca de 400 metros da fronteira portuguesa. Se o parque português vier para norte, o canal de navegação estreita e fica com menos de três milhas, o que é impensável para nós”, vincou.
De acordo com Carlos Sampaio, tal vai “comprometer a biodiversidade e a navegabilidade dos portos de Vila Praia de Âncora e Caminha”.
Com o actual polígono, o canal de navegação “terá quase quatro milhas”.
Em comunicado, a associação afirma manter “uma posição firme contra a implementação de parques eólicos marítimos na costa portuguesa”, mas assinala compreender “que a descarbonização é um passo fundamental para um futuro mais sustentável”.
COMPENSAÇÕES
A associação sustenta que, caso as compensações pela instalação de parques eólicos ‘offshore’ sejam inevitáveis, devem ser transversais a várias actividades ligadas ao mar, “incluindo a pesca profissional e desportiva”, os negócios marítimo-turísticos e o turismo costeiro e “as populações, que perdem o direito a uma visão limpa do mar”.
A cooperativa VianaPescas disse na terça-feira que o plano das eólicas ‘offshore’ “absorve o maior local de pesca de Viana do Castelo”, pelo que os pescadores já pediram ao primeiro-ministro que corrija o diploma.
“Já alertámos o primeiro-ministro para que introduza a correcção no diploma, pois todas as associações do norte estão unidas para responder a esta traição”, revelou à Lusa Portela Rosa, da cooperativa VianaPescas de produtores de peixe de Viana do Castelo, com cerca de 450 associados.
O PAER reduziu a área norte e eliminou a área sul de Viana do Castelo como possíveis zonas de exploração de energias renováveis relativamente a uma primeira versão do documento.