A vacinação contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) passa a abranger os bebés até dez meses na campanha outono-inverno 2025-2026, prevendo-se proteger cerca de 76 mil crianças, anunciou esta terça-feira a secretária de Estado da Saúde.
Ana Povo disse à agência Lusa que o Ministério da Saúde aceitou a proposta da Direção-Geral da Saúde (DGS) de expandir a estratégia de imunização na próxima campanha de vacinação, alargando a sua abrangência a todos os bebés nascidos entre 1 de junho de 2025 e 31 de março de 2026.
Na última campanha, a vacinação teve como objetivo proteger cerca de 62 mil crianças, representando um investimento por parte do Governo estimado de 13,6 milhões de euros, tendo sido imunizados os bebés entre zero e oito meses.
“Com esta medida, pretendemos proteger [mais] cerca de 14 mil bebés, porque acreditamos que, ao fazer isto, vamos reduzir a suscetibilidade individual e a carga da doença, aumentando o impacto positivo na utilização dos serviços que ocorreu na época anterior, não só com a diminuição dos internamentos, mas também com a redução do número de urgências hospitalares em crianças menores de um ano”, salientou.
A estratégia de vacinação continua a incluir as crianças com mais de um ano que façam parte de grupos de risco, como bebés prematuros, crianças com doenças cardíacas, pulmonares ou neuromusculares congénitas, crianças com o sistema imunitário enfraquecido e doentes com asma ou com doença pulmonar obstrutiva crónica.
A secretária de Estado recordou que na época 2024-2025, também por recomendação técnica da DGS, o Ministério da Saúde optou por fazer, pela primeira vez, a imunização gratuita contra o VSR nas crianças nascidas entre 1 de agosto e 31 de março.
“MUITO EFICAZ”
A campanha decorreu entre outubro e março, o período em que o vírus circula, e a DGS constatou que “esta imunização é muito eficaz nas crianças”.
“E é eficaz porquê? Porque o Vírus Sincicial Respiratório provoca infeções respiratórias que nos bebés, nomeadamente até aos três meses e entre os três e os seis meses, leva muitas vezes à necessidade de internamento, não só em enfermaria como também em cuidados intensivos”, disse Ana Povo.
Segundo a secretária de Estado, verificou-se uma diminuição de aproximadamente 85% nos internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos nas crianças até aos três meses, e uma redução de 40% nos bebés entre os três e os seis meses.
“Isto também tem um impacto a nível dos próprios pais, porque cada vez que nós temos uma criança internada, temos um pai ou uma mãe que deixa de trabalhar para acompanhar a criança ao longo do seu percurso de doença. Portanto, isto não é só uma medida para as crianças, é também uma medida para as famílias”, declarou.
A vacinação gratuita esteve disponível em todas as maternidades dos setores público, privado e social, para as crianças nascidas entre 1 de outubro de 2024 e 31 de março de 2025; e nas instituições de saúde do SNS para as que nasceram entre 1 de agosto de 2024 e 30 de setembro de 2024, e crianças com fatores de risco definidos.
A campanha de imunização, que terminou em 31 de março de 2025, registou uma elevada aceitação por parte dos pais e famílias, alcançando uma cobertura estimada de aproximadamente 85% dos bebés abrangidos.
Segundo dados do Instituto Ricardo Jorge (Insa), que está a concluir o estudo de avaliação da efetividade da imunização contra o VSR, a estimativa preliminar da efetividade do anticorpo monoclonal administrado contra internamento por infeção respiratória aguda por VSR foi de 85%, próxima das estimativas obtidas noutros países.
Este vírus, considerado bastante contagioso, é a causa mais comum de doença das vias respiratórias em idades inferiores a um ano.