O eurodeputado José Manuel Fernandes acredita que as instituições particulares de solidariedade social, e de modo especial as Misericórdias, estão “na linha da frente” para ajudar a vencer um dos grandes desafios com que a União Europeia enfrenta: fazer face ao cada vez maior envelhecimento da população da população europeia.
Na sessão solene de abertura das comemorações dos 518 anos da Santa e Real Casa da Misericórdia de Barcelos, José Manuel Fernandes social-democrata sublinhou o empreendedorismo das IPSS, num “trabalho essencial para o bem-estar e o progresso social”, valorizando “a matriz cristã da identidade europeia e dos nossos valores, onde é fundamental a dignidade humana”.
“Na caminhada da vida, não podemos deixar ninguém para trás”, defendeu, numa cerimónia onde a Misericórdia liderada pelo provedor Firmino Silva homenageou o Irmão Rodrigo Amaral e os funcionários com 15, 20, 30 e 40 anos de casa.
MISERICÓRDIAS INSUBSTITUÍVEIS
Enaltecendo o esforço na procura de “novas soluções e superando dificuldades e limitações para poderem ajudar os outros”, José Manuel Fernandes anotou que “as IPSS, e de modo particular as Misericórdias, vão muito além do crescimento inteligente e sustentável, ao assumirem um papel insubstituível no crescimento inclusivo”.
Convidado a falar sobre ‘Economia Social e Fundos Comunitários’, o eurodeputado salientou os recursos de apoio à “investigação para a inovação social e a criação de novos serviços, de forma a assegurar mais igualdade, qualidade de vida e valorização das diferentes gerações no seio das comunidades”.
Para além dos programas cem verbas comunitárias geridos nacionalmente no âmbito do Portugal 2020 – através do qual o país recebe mais de 11,5 milhões de euros por dia no período 2014 a 2020 –, José Manuel Fernandes chamou a atenção para programas geridos centralmente pela Comissão Europeia, nomeadamente o Horizonte 2020 para a investigação (ao abrigo dos Desafios Societais) e o ‘EaSi’ (para o emprego e a inovação social).
Deixou ainda o desafio para candidaturas a instrumentos financeiros que funcionam através de empréstimos a juros mais baixos e que constituem recursos de alavancagem ao investimento, como acontece com o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos – mais conhecido como Plano Juncker.
RECURSOS HUMANOS DE EXCELÊNCIA
José Manuel reconheceu os recursos humanos de excelência que estão ao dispor da Misericórdia de Barcelos, assim como a disponibilidade de “dirigentes que dão o máximo para servir os outros”. Mas advertiu que nem sempre as sempre as IPSS têm condições técnicas para aceder a fundos importantes para cumprir, muitas vezes, requisitos impostos pela Administração Central para o cumprimento de normas, em serviços da responsabilidade do próprio Estado. Por isso, defendeu a necessidade de serem criadas estruturas para apoio e aconselhamento técnico, uma função que deveria ser assumida também pela CCDR-N.
“São ferramentas essenciais para pôr em prática a solidariedade e a caridade, na luta contra a pobreza, a exclusão e as desigualdades sociais”, sustentou José Manuel Fernandes, lembrando que, dos 26 mil milhões de euros de fundos europeus atribuídos a Portugal para o período 2014 a 2020, no final do ano passado estavam autorizados 14 mil milhões, mas apenas estavam executados menos de 6 mil milhões para projectos de investimento.
FG (CP 1200)