No dia em que o Presidente da República promulgou o decreto da reposição dos feriados suspensos desde 2013, Francisco Moita Flores apresentou, na Feira do Livro de Amares, a obra ‘Dia dos Milagres’, que “resultou de uma birra”, segundo o autor, “por terem dado cabo” daquele que considera ser o dia mais importante da História portuguesa: o 1 de Dezembro de 1640.
“Ao pé desta data, o 25 de Abril, o 1 de Maio ou o 5 de Outubro são celebrações de coro. O 1º de Dezembro devia ser a grande festa da língua portuguesa. Se não fosse o 1 de Dezembro de 1640, éramos castelhanos e a língua portuguesa era regional, como é o basco ou o galego. A nossa língua foi a maior dádiva que demos à História da humanidade, foi o que afirmou Portugal no Mund”», defendeu o autor.
Para Moita Flores, “1640 é a porta do universalismo português” e o livro que apresentou esta sexta-feira, ‘Dia dos Milagres’, permite “fazer as pazes com a História e com a memória”, destacando a importância que a Restauração da Independência, num momento em que Portugal estava sob domínio dos espanhóis, teve na afirmação do país e na expansão de uma língua “que actualmente é falada por 250 milhões de pessoas”.
Editado em 2015, o ‘Dia dos Milagres’ é um romance histórico que faz uma viagem aos últimos dias do regime filipino, que terminou, no dia 1 de Dezembro de 1640, com um golpe de Estado que iniciaria a dinastia de Bragança.
A acção centra-se em Vila Viçosa – onde viviam os Duques de Bragança – e vive os dias de ansiedade que se viveram antes do golpe, “num Portugal pobre e cansado”, traumatizado pela tragédia de Alcácer Quibir, de onde espera que chegue o Rei Sebastião.
A sessão desta noite contou ainda com um momento musical, a cargo do Quarteto de Cordas da Escola Superior de Música do Porto, sob orientação do professor Artur Caldeira.
Ricardo Reis Costa (TP 2298)