O ‘sim’ no referendo à inclusão da adesão à União Europeia (UE) como um objectivo nacional na Constituição da Moldova obteve 50,39% dos votos, segundo os resultados preliminares apresentados esta segunda-feira pela Comissão Eleitoral Central (CEC)
A CEC indicou tratar-se de resultados que correspondem a 99,41% dos votos, faltando ainda concluir a contagem dos votos do estrangeiro.
A Moldova candidatou-se à adesão à UE em Março de 2022, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em Junho do mesmo ano. Em Dezembro de 2023, os dirigentes da UE decidiram iniciar as negociações de adesão.
Nas eleições presidenciais de domingo, que ocorreram em simultâneo com o referendo, a actual Presidente moldava, Maia Sandu, ficou em primeiro lugar (cerca de 42% dos votos) na primeira volta das eleições presidenciais, mas prepara-se para uma segunda volta difícil, em 3 de Novembro, com o candidato pró-russo Alexander Stoianoglo (26% dos votos).
Rússia declarou esta segunda-feira que os resultados das eleições presidenciais e do referendo sobre a adesão à União Europeia (UE), realizado domingo na Moldova, apresentam “anomalias” e levantam muitas questões.
“Foram observadas anomalias nos resultados da votação na Moldova devido ao aumento de votos a favor da [Presidente moldava Maia] Sandu e da integração europeia”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na sua conferência telefónica diária.
Peskov referiu-se à mudança nos resultados da votação à medida que a contagem estava a avançar, o que ampliou a vantagem de Sandu sobre o seu adversário mais próximo, o pró-russo Alexander Stoianoglo, e com uma viragem a favor do ‘sim’ no referendo sobre a entrada da Moldova na UE.
“Os indicadores que vemos hoje [domingo], que estamos a acompanhar, e a dinâmica das suas mudanças, com certeza, levantam muitas questões”, sublinhou.
ATAQUE À DEMOCRACIA
Após o início do escrutínio, que dava inicialmente uma clara vitória aos adversários da entrada da Moldova na União Europeia, Sandu denunciou a fraude.
“Temos provas e informações de que um grupo criminoso pretendia comprar 300 mil votos. Esta é uma fraude sem precedentes cujo objectivo é comprometer a democracia. O seu objectivo é semear o medo e o pânico na sociedade”, afirmou a Presidente numa brevíssima aparição perante os meios de comunicação social.
Sandu sublinhou que “hoje, tal como nos últimos meses, a liberdade e a democracia na Moldova estão sob ataques sem precedentes”.
“Grupos criminosos, associados a forças estrangeiras, atacaram o nosso país com mentiras e propaganda (…). Não deixaremos de defender a liberdade e a democracia. Aguardaremos os resultados definitivos e voltaremos com soluções”, acrescentou.
O porta-voz do Kremlin indicou que se trata de uma “acusação bastante grave”, pelo que “deveriam ser apresentadas algumas provas ao público”.
Também a Comissão Europeia denunciou hoje uma “interferência e intimidação sem precedentes”, por parte da Rússia, no referendo.
“Estivemos a acompanhar de muito perto as votações [de domingo], o referendo e as eleições presidenciais na Moldova. A Moldova é um parceiro muito importante da UE e é de assinalar que esta votação teve lugar sob uma interferência e intimidação sem precedentes por parte da Rússia e dos seus representantes, com o objectivo de desestabilizar os processos democráticos na República da Moldova”, reagiu o porta-voz do executivo comunitário para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano.
“Obviamente que, no que toca à adesão da Moldova [à UE], continuamos a apoiar plenamente as suas ambições, as suas aspirações e os seus esforços”, garantiu Peter Stano.
Com TSF