O presidente do PSD esta terça-feira disse estar de acordo com a posição expressa pelo primeiro-ministro português, que rejeitou na segunda-feira cenários de envio de tropas para a Ucrânia por países da NATO.
“Creio que o primeiro-ministro expressou bem aquela que é a nossa posição: temos uma frente de ajuda à Ucrânia que é indiscutível e passa por ajuda financeira, ajuda humanitária e também por ajuda militar naquilo que é a medida das nossas possibilidades”, afirmou Luís Montenegro, questionado sobre o tema, no final de uma iniciativa de campanha em Portalegre.
Instado a garantir, se for primeiro-ministro, que não haverá tropas portuguesas na Ucrânia, o presidente do PSD respondeu de forma cautelosa.
“Estou em condições de dizer que estou alinhado com a posição do Governo português, de que a NATO não é uma organização envolvida no conflito de forma directa”, afirmou.
Também o presidente da Iniciativa Liberal disse estar de acordo com a posição expressa pelo primeiro-ministro português, António Costa.
“Eu diria que a visão internacional diplomática que Portugal tem tido é talvez das poucas áreas que unem de forma alargada os partidos políticos do espectro democrático e, portanto, eu revejo-me naquilo que é a posição que vi ainda há pouco assumida pelo primeiro-ministro, António Costa”, afirmou.
“Parece-me que a posição é razoável”, rematou.
Recorde-se que esta segunda-feira, o primeiro-ministro negou o cenário de que a Nato ou a União Europeia se encontrem a ponderar, numa base bilateral, o envio de militares para a Ucrânia.
“Não há nenhum cenário em que essa situação se tenha colocado e nem vejo qualquer país da Nato a fazê-lo” sendo que estas “são decisões que a serem tomadas, terão de ser tomadas colectivamente porque numa aliança de defesa colectiva a geração de riscos é também do interesse comum de todos. Mas não foi tema”, disse António Costa.
As declarações do primeiro-ministro português foram feitas em resposta ao primeiro ministro da Eslováquia, Robert Fico, que disse que esse era um cenário que estava a ser considerado por alguns Estados-membros da NATO e da União Europeia, sem, contudo, avançar quais são os países a defender esta solução.
Para assinalar o reforço do apoio à Ucrânia, o presidente francês Emmanuel Macron reuniu, no Palácio do Eliseu, 21 chefes de Governo ou de Estado e seis outros ministros, quando se assinalam dois anos da invasão russa.
EXEMPLO DE TIMOR-LESTE
O primeiro-ministro comparou ainda a invasão russa da Ucrânia à ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, afirmando esperar que o direito internacional “prevaleça” em território ucraniano.
“Nós portugueses temos, aliás, um bom motivo para compreender a importância de defender, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o primado do direito internacional. Todos nos recordamos que, durante muitos anos, Timor-Leste foi um território ocupado ilegalmente pela Indonésia e houve momentos em que Portugal esteve sozinho na cena internacional a bater-se pela defesa do direito à autodeterminação do povo de Timor-Leste”, mas “quando muitos já acreditavam que não era possível, a verdade é que o direito internacional prevaleceu e essa é de melhor demonstração de que o direito internacional é a grande arma dos pequenos países e dos povos que querem ser livres e viver em paz”, declarou António Costa.
“Defender a preservação e o primeiro direito internacional na Ucrânia é nós estarmos a garantir a nossa própria segurança no futuro”, rematou o Chefe de Governo.