O presidente do PSD, Luís Montenegro exortou esta segunda-feira, em Braga, o Governo a “deixar o complexo ideológico como marca da sua política de saúde”, sublinhando que isso está a prejudicar os portugueses e a criar “uma grande desigualdade social” no país. Deu como exemplo os encerramentos de 24 horas da urgência de obstetrícia do hospital local.
“É preciso exortar o Governo a deixar de ter este complexo ideológico como marca da sua política de saúde, a abrir o horizonte da complementaridade do sector público com o sector privado e social, num sistema público de saúde que ofereça serviços às pessoas, independentemente da sua condição económica”, defendeu Montenegro, após reunir com o Conselho de Administração e depois com a Comissão de Trabalhadores do Hospital de Braga.
Nas últimas semanas, o Hospital de Braga encerrou o Serviço de Urgência de Obstetrícia e Ginecologia oito vezes, por um período de 24 horas cada, devido à falta de médicos para complementar as escalas.
Para o líder do PSD, “o problema não está, nem nos gestores e, muito menos está nos trabalhadores que prestam serviço” na unidade hospitalar.
“Aquilo que tem motivado uma incapacidade de poder ter maior qualidade e eficiência no serviço é o modelo de gestão. [Foi-me] Relatado um conjunto de dificuldades que no sector público e no Serviço Nacional de Saúde se têm sentido do ponto de vista da autonomia para tomar decisões, para reter e contratar recursos humanos e para poder contratar fornecimento de equipamentos e materiais que são necessários à operação de uma unidade de saúde”, disse Luís Montenegro aos jornalistas.
HOSPITAL GASTA MAIS
No entender do líder social-democrata, os portugueses “estão a ser prejudicados pelo resultado de políticas que foram carregadas com a ideologia política dos últimos anos, e que motivaram alterações no regime de funcionamento de unidades, como é o caso do Hospital de Braga”, que, segundo Montenegro “penalizam a oferta e a qualidade do serviço prestado aos cidadãos”.
“O Hospital de Braga gasta hoje mais dinheiro e não consegue o mesmo nível de serviço que tinha antes, inclusivamente, chegando ao ponto de ter de encerrar urgências, como foi o caso de Obstetrícia e Ginecologia e também já da Urgência Pediátrica”, frisou o presidente do PSD.
INCAPACIDADE DE SEGURAR PROFISSIONAIS
Segundo informações transmitidas a Luís Montenegro durante as reuniões que manteve com a administração e depois com a Comissão de Trabalhadores do Hospital de Braga, existe “uma incapacidade total” em manter profissionais de saúde.
“Diria mesmo uma inevitabilidade, em poder reter profissionais de saúde que são atraídos por melhores condições que o sector privado está a oferecer neste momento. A rigidez das normas de funcionamento e de gestão das entidades públicas é de tal ordem que não oferece aos seus gestores margem de manobra para poder oferecer aos profissionais de saúde melhores condições, e eles estão a ir embora”, lamentou o presidente do PSD.
Montenegro reiterou a “necessidade” de o Serviço Nacional de Saúde “funcionar de forma complementar com o sector privado e social”, de forma a dar resposta às necessidades.
“Fruto do tal complexo ideológico do Governo e da senhora ministra da Saúde quem está a pagar são as pessoas. Mas não são todas as pessoas. São as pessoas que têm menos dinheiro. Esta forma de olhar para os serviços públicos, estatizando a sua gestão, querendo ser proprietários dos serviços e dos equipamentos, está a criar uma grande desigualdade social em Portugal”, avisou o presidente do PSD, que se fez acompanhar nesta visita por Ricardo Rio, presidente da Câmara bracarense.
Com RTP