A morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, tem estado na origem de vários distúrbios, nos arredores de Lisboa.
Nas últimas noites, têm sido vários os desacatos nas ruas – foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas.
Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.
Este tema tem dominado os meios de comunicação social nacionais, mas também já chegou a alguns meios internacionais.
É o caso do jornal francês Le Monde que escreve: “Em Portugal, segunda noite de violência nos subúrbios de Lisboa, depois de homem negro ser morto por polícia”. Também o L’Obervatoire L’Europe destaca que “Lisboa vive segunda noite de tumultos, depois de polícia abater um homem durante detenção”.
Outro meio de comunicação social francês, o Frontiéres noticia: “Portugal: tumultos nos subúrbios de Lisboa depois de morte de cabo-verdiano baleado pela polícia”.
O jornal espanhol El País também destaca o acontecimento, referindo que “a morte de um imigrante africano baleado por polícia origina distúrbios nas periferia de Lisboa”. Já a norte-americana ABC News refere que “três detidos na segunda noite de distúrbios em Lisboa depois de homem ter sido baleado por polícia durante detenção”.
O Presidente da República de Cabo-Verde, José Maria Neves, também reagiu às notícias da morte de Odair Moniz, cidadão de origem cabo-verdiano, expressando “profunda tristeza”. Na nota de pesar, manifestou ainda “solidariedade à família enlutada, amigos e todos aqueles que conviveram com o jovem”.
Também o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou confiar “na justiça portuguesa, nas suas instituições.” Dizendo que “o processo está em investigação criminal” e que espera que “a justiça se faça com celeridade necessária e com a responsabilização” adequada.
Recorde-se que Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP, na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los”.