Depois da morte do general Qassem Soleimani, esta sexta-feira, num ataque aéreo ao aeroporto de Bagdad, numa operação norte-americana, o Irão prometeu vingança “no lugar e na hora certos”. As reacções internacionais foram imediatas, com vários países a condenar o que consideram um acto “perigoso” e outros a alertar para o aumento da tensão na região.
“Os Estados Unidos devem saber que o seu ataque criminoso ao general Soleimani foi o maior erro do país. (…) Os EUA não evitarão as consequências desse erro de cálculo”, afirmou o Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano, em comunicado.
“Esses criminosos sofrerão duras vinganças (…) no lugar certo e na hora certa”, disse ele, insistindo que Washington “será responsável pelas consequências relacionadas a cada aspecto dessa actividade criminosa”.
O Conselho prestou homenagem a Qassem Soleimani, descrevendo-o como “general glorioso”, que era “o orgulho não apenas dos iranianos, mas também dos muçulmanos e oprimidos (…) em todo o mundo”.
Segundo o organismo de segurança iraniano, embora a sua morte tenha sido “uma grande perda”, o seu papel será assumido por outro general, referindo-se ao facto de o Governo de Teerão já ter anunciado o nome do seu sucessor, Esmaïl Qaani.
Comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani morreu esta sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia em Bagdade que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.
No mesmo ataque morreu também o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras seis pessoas.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
Entretanto, a nível internacional têm surgido várias reacções ao ataque, que muitos descrevem como “perigoso”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, oferecendo “sinceras condolências ao povo iraniano”, declarou que o “assassínio” do general iraniano foi “um passo arriscado que levará ao aumento das tensões na região”. A Rússia lembrou ainda que “Soleimani serviu fielmente os interesses do Irão”.
Em França surge o apelo à “estabilidade” no Médio Oriente, através de Amélie de Montchalin, secretária de Estado para os Assuntos Europeus, que afirmou à rádio RTL que estamos “num mundo mais perigoso” e que uma “escalada militar é sempre perigosa”.
“Quando essas operações ocorrem, podemos ver claramente que a escalada está em andamento, quando queremos estabilidade e um decréscimo (da escalada) acima de tudo”, sublinhou.
A China “há muito tempo que se opõe ao uso da força nas relações internacionais” e expressou “preocupação” depois do ataque em Bagdade.
Através do porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, pediu “a todas as partes envolvidas, especialmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e contenção para evitar nova escalada da tensão”, assim como “respeito” pela soberania e integridade territorial do Iraque.
O primeiro-ministro demissionário iraquiano, Adel Abdelmahdi, condenou o ataque aéreo dos Estados Unidos, afirmando que este ataque é “uma escalada perigosa que desencadeia uma guerra destrutiva no Iraque, na região e no mundo”.
“Operações de ajuste de contas contra figuras da liderança iraquiana em solo iraquiano são uma violação flagrante da soberania iraquiana e um ataque à dignidade do país”, sublinhou.
Lamentando a morte do general, Adel Abdelmahdi lembrou que este ataque viola as condições e o papel das forças norte-americanas no Iraque e pediu, entretanto, ao parlamento que convoque uma sessão extraordinária para “adoptar medidas legislativas e disposições necessárias para salvaguardar a dignidade, segurança e soberania do Iraque”.
O grande ayatollah Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, também reagiu e definiu o assassínio do general iraquiano Qassem Soleimani como “um ataque injustificado”.
“Covarde agressão norte-americana” é como descreve o Governo da Síria o ataque aéreo que matou Qassem Soleimani. Esta operação “apenas reforçará a determinação de seguir o exemplo desses líderes da resistência”, sublinhou uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros em Damasco, citado pela Sana.
Já o chefe do movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Irão, prometeu “uma justa punição” aos “assassinos criminosos” pela morte do general iraniano Qassem Soleimani.
Redacção com TSF e RTP