Isabel Carvalhais alertou no Parlamento Europeu para a pouco valorização das mulheres rurais, apesar de representarem 45% da população economicamente activa no mundo rural.
A eurodeputada, co-organizadora juntamente com duas deputadas europeias, a romena Carmen Avram (S&D) e a austríaca Simone Schmiedtbauer (EPP), de um encontro que teve como objectivo destacar o papel que as mulheres desempenham no sector agrícola, considerou que a disparidade de género é maior no mundo rural, “sentindo-se aí de forma mais acentuada a falta de igualdade no acesso a múltiplos recursos, nomeadamente ao crédito financeiro, à formação especializada”.
A falta de compensações financeiras “justas e reconhecimento” pelo trabalho desenvolvido, “não apenas o trabalho agrícola mas também aquele que é o trabalho de cuidadoras de familiares, das crianças e dos idosos das suas comunidades locais” é outra das desigualdades apontadas.
“As mulheres das zonas rurais são ainda muito subestimadas. Enfrentam muitas lacunas e desafios, com um trabalho não raras vezes oculto e pouco valorizado. Mais do que nunca, o sector agrícola é essencial na luta pela segurança alimentar da Europa, na concretização das transições ecológicas, na luta contra as mudanças climáticas e contra a dependência energética”, sustentou a eurodeputada socialista.
Defende que “o sector agro-pecuário e as mulheres que nele trabalham precisam por isso de mais apoio e consideração para que todo o sector seja mais atractivo”.
“É a única forma de se alcançar a renovação geracional”, frisou a eurodeputada minhota.
SUB- REPRESENTAÇÃO
Carvalhais abordou no evento, realizado em colaboração com o Comité das Organizações Agrícolas Profissionais da União Europeia (COPA) e a Confederação Geral das Cooperativas Agrícolas da UE (COGECA), a sub-representação da mulher nos diversos sectores da sociedade.
“Essa sub-representação das mulheres espelha-se igualmente no número insuficiente de mulheres envolvidas nos processos de tomada de decisões, seja na área agrícola, seja em outras áreas da sociedade como a vida política local, facto que decorre quer de eventuais expectativas sobre os papéis tradicionais para homens e mulheres, quer sobretudo da falta de condições para uma efectiva conciliação entre a vida familiar e outros planos de acção que envolvam participação decisória e pública”, salientou.
No evento, que contou também com a presença de agricultoras portuguesas, a Copa – Cogeca anunciou o lançamento da 7.ª edição do Prémio ‘Inovação para Mulheres Agricultoras’.
O prémio visa destacar o contributo que as mulheres dão para o desenvolvimento rural e é uma oportunidade para mostrar actividades inspiradoras e inovadoras que as mulheres rurais estão a realizar em todo o espaço europeu.
Fernando Gualtieri (CP 7889 A)