A natalidade voltou a descer em 2017, após a subida nos dois anos anteriores. Segundo o Ministério da Justiça, no ano passado nasceram pouco mais de 88 mil bebés, menos 2.700, face ao ano anterior.
Os números, avançados na edição desta quarta-feira do jornal Diário de Notícias, apontam para uma média de menos sete nascimentos por dia, depois de dois anos em que a taxa de natalidade chegou a aumentar.
Ouvida pela Renascença, a professora de demografia da Universidade de Évora, Maria Filomena Mendes, considera que estes números indicam que os portugueses “estão ainda a adaptar-se a um novo ciclo económico”.
Esta especialista diz ainda que o país tem de se adaptar “a uma realidade nova em que as pessoas querem ter, pelo menos, um filho mas não querem ter muitos filhos”.
Maria Filomena Mendes lembra ainda a importância de serem criadas condições para que os casais possam ter filhos. “Enquanto o desemprego jovem for muito elevado, enquanto tivermos uma grande precariedade em termos das relações laborais, enquanto tivermos dificuldades de habitação, será difícil para os jovens casais decidirem ter um filho mais cedo ou decidirem ter mais do que um ou dois filhos”, acrescenta.
Para a demógrafa é necessário também levar em conta que, apesar de algumas melhorias económicas, há “menos mulheres do que há umas gerações atrás” e, como tal, o número de nascimentos tende a ser menor.