Um homem condenado à morte por um incêndio mortal num apartamento na cidade norte-americana de Filadélfia, que há muito negava ter provocado, foi libertado após quase 30 anos na prisão, noticiou esta sexta-feira a agência Associated Press (AP).
Daniel Gwynn, de 54 anos, foi libertado na quinta-feira da prisão estadual do Condado de Montgomery, um dia depois de a juíza Barbara McDermott, do Tribunal de Apelações Comuns, ter arquivado as acusações de homicídio em primeiro grau, fogo posto e agressão agravada contra Gwynn, embora não se tenha pronunciado sobre a sua culpa ou inocência.
A exoneração foi pedida pelo Gabinete do Procurador Distrital da cidade, pondo fim a uma pressão de anos dos advogados de Gwynn, que há muito afirmavam que ele tinha feito uma falsa confissão à polícia de Filadélfia devido à sua dependência de estupefacientes e que também contestavam a forma como o departamento de polícia lidou com o processo de identificação de testemunhas.
“Este foi um resultado muito razoável e muito, muito, muito tardio. Estamos muito, muito felizes por isso”, declarou Karl Schwartz, advogado de defesa de Gwynn, após a decisão.
As acusações contra Gwynn resultaram de um incêndio em Novembro de 1994 que destruiu um edifício abandonado de três andares matando uma mulher, enquanto várias outras pessoas escaparam às chamas saltando de uma janela.
Gwynn foi detido dez dias após o incêndio e acabou por ser condenado à morte.
David Napiorski, procurador da unidade de litígios federais da cidade, disse que havia vários problemas com a confissão de Gwynn, incluindo elementos que não eram sustentados por provas físicas, o que demonstrava a sua falsidade.
“Ele disse que o fogo começou de uma forma, quando sabemos que começou de outra”, afirmou Napiorski ao diário The Philadelphia Inquirer.
“Ele disse que o fogo começou no andar de baixo, quando sabemos que começou no andar de cima. Disse que saiu a correr pela porta da frente, quando sabemos que a porta da frente estava fechada com uma tábua”, explicou.
Mais notório foi um problema flagrante com as fotografias que a polícia mostrou às testemunhas: segundo o Ministério Público, Gwynn não constava de nenhuma delas.
Napiorski também sublinhou, no entanto, que não havia provas de que a polícia tivesse coagido a confissão de Gwynn. Este, por sua vez, afirmou que a sua confissão foi feita, em parte, por medo devido a interacções anteriores com a polícia.