Os líderes da Galiza e da região Norte de Portugal assumiram esta terça-feira um “compromisso blindado” das duas regiões para ter o comboio de alta velocidade em 2032, sem “nenhuma desculpa” para atrasos dos governos centrais.
“Este é um objectivo estratégico para o território, e portanto, não há nenhuma desculpa para qualquer atraso nem qualquer dúvida. Acreditamos que esta vez tem de ser a definitiva”, disse aos jornalistas o presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, após assinar uma declaração conjunta com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte de Portugal (CCDR-N), em Valença.
As duas entidades defendem que a ligação ferroviária de alta velocidade entre o Porto e Vigo, com ligação quer a Lisboa, quer a Santiago de Compostela e Corunha, é “uma prioridade óbvia”.
A CCDR-N e a Xunta da Galiza salientam que os estudos realizados sobre a ligação ferroviária em alta velocidade demonstram “dados incontestáveis” quanto ao seu potencial de utilização e rentabilidade, exigindo um orçamento, um calendário realista para as concretizar dentro dos prazos previstos e “um programa completo de acções, investimentos e etapas para a ligação com prioridade para a saída sul de Vigo”.
Segundo Alfonso Rueda, a assinatura da declaração “é um pouco uma rede de segurança para que não haja marcha atrás” e uma forma de vincar que “não se pode perder nenhum minuto de tempo” no projecto.
“É um prazo difícil de cumprir”, reconheceu, dizendo que “se não começa já o movimento, isso [cumprir o prazo de 2032] vai ser impossível”.
“Estou desconfiado mas desejo reconhecer que desta vez as coisas se vão fazer”, acrescentou.
“QUASE BLINDADO”
Já o presidente da CCDR-N, António Cunha, salientou que “não está em causa minimamente alguma dúvida” sobre os compromissos do Governo português, mas pediu que este processo “seja muito consolidado e quase blindado”.
“Tudo isto exige um trabalho muito sistemático que tem que ser reforçado, blindado, e que tem que ter um carinho ainda maior do que aquele que tem tido para percebermos e para termos todos a certeza que estes prazos vão ser cumpridos”, vincou.
Sobre a declaração conjunta assinada, António Cunha admitiu que parte “de uma evidência de que ao longo de 20 anos […] este assunto foi colocado na agenda dos dois governos a partir da cimeira ibérica da Figueira da Foz em 2003”.
“Ao longo de 20 anos estamos sempre a ter um deslizamento que ultrapassou muitos governos. Portanto, o que estamos a pedir a este Governo é um esforço adicional e mesmo que seja dado um nó em cima disto, para que a coisa fique bem atada e não consiga sair e seja possível de ser consumada”, assinalou.
A 23 de Maio, o ministro das Infra-Estruturas assegurou, após um breve encontro com o presidente do governo regional da Galiza, que o executivo mantém o compromisso da ligação ferroviária em alta velocidade entre Lisboa e Vigo, bem como a Madrid.
A ligação do Porto a Vigo, na Galiza, que está a ser desenvolvida paralelamente à linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa, contempla estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença.
Com Expresso