A catedral francesa de Notre Dame, que ardeu a 15 de Abril passado, não realiza a missa de Natal pela primeira vez desde 1803. O impedimento deve-se por os trabalhos de restauração continuarem a decorrer no principal marco do cristianismo de Paris, oito meses após o incêndio que devastou França.
Segundo o Guardian, a assessoria de imprensa da catedral reiterou que o padre responsável pela catedral, Patrick Chauvet, queria celebrar a famosa missa da meia-noite (missa do galo em Portugal) na noite de Natal, embora esta tivesse de ser realizada pela igreja vizinha de Saint-Germain l’Auxerrois.
A catedral da capital francesa, que é património mundial da Unesco, perdeu no incêndio a torre gótica, grande parte do tecto e muito artefactos preciosos, embora os bombeiros tenham conseguido recuperar alguns dos que estavam na entrada da igreja.
O edifício que representa muita da história católica em França celebrou durante dois séculos de história a missa natalícia, mesmo durante a ocupação nazi durante a Segunda Guerra Mundial. A igreja apenas foi obrigada a fechar portas durante o período revolucionário anti-católico no fim do século XVIII e início do século XIX.
O presidente francês Emmanuel Macron estima que a reconstrução do edifício com 800 anos demore cerca de cinco anos. Embora não se tenha pronunciado sobre se prefere a traça original ou uma mais moderna, muitos foram os planos realizados por arquitectos que apostaram num ‘renascimento’ após o incêndio. Dentro da própria igreja, os sentimentos relativos à reconstrução também divergem.
O Ministério Público de Paris aponta para negligência criminal no incêndio e abriu uma investigação no mês de Junho para tentar encontrar o culpado, sendo que as suspeitas recaem sobre um cigarro mal apagado ou uma falha eléctrica, uma vez que estavam a decorrer obras de limpeza no edifício.
Na semana que seguiu a devastação da Notre Dame, o ministério da Cultura revelou que foram recolhidos perto de mil milhões de euros para a construção. Só o grupo multimilionário Louis Vuitton, de Bernard Arnault, doou 200 milhões de euros para a reconstrução, embora os responsáveis afirmem que o dinheiro nunca entrou na conta que se destina para a reconstrução da catedral