O líder do CDS-PP, Nuno Melo, acusou esta quinta-feira o Governo de ter recuado na decisão de cortar nos apoios à Agricultura devido aos protestos, por estar em vésperas de eleições.
“Nós não temos dúvidas. O que aconteceu é simplesmente um recuo em relação a um receio sobre eleições que serão em 10 de Março, perante um ministério totalmente incapaz de assumir os seus erros. Na verdade, um ministério que simplesmente não existe em Portugal”, afirmou o famalicense e numero 2 da AD pelo Porto.
Nuno Melo, que está na ilha Terceira, a acompanhar a campanha da coligação PSD/CDS-PP/PPM para as eleições regionais de domingo, nos Açores, falava, em declarações à Lusa e à SIC, sobre os protestos dos agricultores em várias zonas do país.
Na quarta-feira, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, disse que houve uma “comunicação infeliz” por parte do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) “relativamente aos cortes de 25% e 35%” nas dotações financeiras aos Ecoregimes de Agricultura Biológica e Produção Integrada, no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
O dirigente do CDS-PP acusou os ministros da Agricultura e das Finanças de faltarem à verdade, “apenas para controlarem danos”, por terem sido “confrontados com a revolta justa dos agricultores, muitos na iminência de fecharem portas”.
“A única coisa de diferente que sucedeu entre o anúncio dos cortes há sete dias e o recuo de ontem [quarta-feira] foram manifestações dos agricultores na rua. E é por causa destas manifestações dos agricultores e do custo político a pensar em eleições antecipadas que o Governo agora recua”, alegou.
Segundo o líder centrista, as tabelas de pagamentos divulgadas pelo IFAP eram “objectivas” e não permitiam dúvidas.
Nuno Melo desafiou o Governo a esclarecer o que se passou e a “assumir responsabilidades”, lembrando que o IFAP é tutelado pelos ministérios da Agricultura, da Presidência e das Finanças.
“Há um esclarecimento que o Governo tem que dar e não pode simplesmente passar de fininho na chuva da propaganda. O Governo tem de esclarecer se de facto se tratou de uma transmissão equívoca ou um erro de percepção do IFAP, quem é que no IFAP foi responsável por essa declaração?”, afirmou.
O dirigente do CDS-PP acusou os governos do PS de terem desmantelado o Ministério da Agricultura nos últimos oito anos e a titular da pasta de ser “o rosto da burocracia, dos atrasos na decisão sobre candidaturas e dos adiamentos e cortes de pagamentos devidos aos agricultores”.
Várias estradas foram bloqueadas esta quinta-feira em Portugal por tractores, num protesto organizado pelo Movimento Civil de Agricultores, que reivindica, à semelhança do que acontece em vários países da Europa, a valorização do sector.
As manifestações surgem depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o PEPAC.
Com MadreMedia