Uma carta com data de 16 de Abril, publicada no site do jornal El Diário, esta quarta-feira, dá conta da dissolução da organização extremista.
Depois de mais de 50 anos de campanha pela independência da comunidade autónoma espanhola do País Basco, tendo provocado a morte de cerca de 850 pessoas, a ETA decidiu por um fim ao seu percurso.
“A ETA decidiu dar por terminado o seu ciclo histórico e as suas funções”, lê-se na carta agora divulgada, que sublinha que a organização “dissolveu completamente todas as suas estruturas e deu por terminada a sua iniciativa política”.
“Como consequência da mudança de estratégia da esquerda nacionalista, a ETA terminou o processo começado em 2010, com a intenção de abrir um novo ciclo político” na região, informa o grupo, referindo-se ao cessar-fogo declarado em 2011.
Em Abril de 2017, a ETA entregou as suas armas, naquilo que diz ser a sua “acção mais significativa”. “A ETA deu ao povo as suas armas e deixou nas mãos da sociedade civil a responsabilidade pelo desarmamento”, refere a carta redigida pela organização.
O grupo separatista garante que, nos últimos anos, tem “apostado, com valentia e responsabilidade, na construção do futuro sob um novo ponto de partida”.
No entanto, a ETA sublinha que a decisão do fim da organização não significa o fim do conflito com Espanha e França. “O conflito não começou com a ETA e não termina com o final da ETA”, declara o grupo.
A organização afirma que, apesar dos “numerosos esforços” ao longo dos anos, não foi capaz de “chegar a acordo com o governo”. “É uma responsabilidade partilhada e a ETA assume a parte que lhe diz respeito”.
“A falta de vontade e as oportunidades perdidas para solucionar o conflito” causaram a “multiplicação do sofrimento” de todas as partes”, admitiu a organização. “A ETA reconhece o sofrimento provocado pela sua luta”.
“Não repitamos os mesmos erros, não deixemos que os problemas apodreçam. Anos de confronto deixaram feridas profundas e há que dar-lhe a cura certa”, defende.
A carta da organização separatista termina com uma “recomendação”: “a solução do conflito e a construção da Euskal Herria [a “terra basca”] é necessária a todos e o futuro é responsabilidade de todos”. “Nós, que fomos militantes da ETA, queremos confirmar o nosso compromisso de embarcar totalmente nessa tarefa, cada qual no lugar que considere mais oportuno, com a responsabilidade e honestidade de sempre”.
Os primeiros atentados assumidos pela organização separatista basca foram a morte de um guarda civil e do chefe da polícia secreta de San Sebastian, em 1968.
Desde a sua fundação, em 1959, a ETA foi responsável por mais de 3.300 ataques terroristas.
Fonte: TSF