A porta-voz e deputada do PAN, Inês de Sousa Real, questionou o Governo após ter recebido em reunião a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) que apresentou um conjunto de preocupações que se prendem com a “crónica falta de meios e de financiamento”, bem como com o actual modelo de actuação e funcionamento da rede SIRESP.
“Apesar de Portugal ser um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, à seca e ao risco de incêndios, na sequência desta reunião constatamos que continuamos a incorrer nos mesmos erros de planeamento e de gestão com vista à prevenção dos incêndios no nosso país”, afirma Inês de Sousa Real em nota ao PressMinho.
“Uma das preocupações apresentadas pela LBP prende-se com o facto de, apesar de a rede SIRESP se encontrar em funcionamento, o mesmo não se poderá dizer dos respectivos equipamentos, uma vez que não houve capacidade para a sua reprogramação. Ou seja, ainda que se possa entender que a rede funciona, se a mesma não é colocada em acção pelos dispositivos e equipamentos, a sua execução fica impossibilitada”, conta a porta-voz e deputada do PAN.
Nos casos em que os equipamentos – rádios – não foram reprogramados, acrescenta Inês de Sousa Real, “os operacionais veem-se obrigados a utilizar os seus telemóveis, sendo esta não apenas uma solução precária como insuficiente. Veja-se que, por exemplo, no exacto local onde deflagrou o incêndio de Pedrógão Grande não há rede de telecomunicações, independentemente da operadora”.
De acordo com a porta-voz do PAN e em linha com o transmitido pela LBP, “é preciso repensar o modelo de actuação, actualmente espartilhado por dezenas de organismos e, sobretudo, criar uma linha de financiamento específico para os bombeiros, que só com muita dificuldade conseguem de tempos em tempos comprar uma viatura”.
Recorde-se que o Pessoas Animais Natureza viu ser aprovada um projecto de lei que visa a valorização dos bombeiros e dos seus direitos, reconhecendo aos bombeiros profissionais o estatuto de profissão de risco e de desgaste rápido e atribuindo aos bombeiros voluntários o direito à reforma antecipada.
Segundo um relatório especial das Nações Unidas, entre 2001 e 2016, mais de 2 milhões de hectares foram consumidos por incêndios florestais em Portugal. Só em 2017, os terríveis incêndios florestais de 2017, que destruíram, 500 mil hectares, resultaram na morte de mais de 100 pessoas. Ao longo dos anos, os incêndios em Portugal consumiram em média 75 000 ha por ano na década de 1980, 100 000 ha por ano na década de 1990, 150 000 ha por ano desde 2000.
No relatório da visita realizada após o incêndio na Serra da Estrela, no ano passado, o relator especial das Nações Unidas conta como viu “extensas monoculturas de eucaliptos” e mostra preocupação para o facto de que “um em cada quatro municípios não dispõe de um plano de defesa contra incêndios florestais actualizado”, recomendando a aposta em espécies autóctones mais resistentes ao fogo.