A arquidiocese de Braga anunciou, esta terça-feira, que o beato Bartolomeu dos Mártires vai ser declarado Santo. Papa Francisco autorizou a canonização sem a atribuição de um novo milagre ao futuro santo.
O Papa Francisco autorizou a Congregação para a Causa dos Santos a avançar com o processo de canonização com “dispensa do milagre formalmente provado para a declaração de santidade do beato Bartolomeu dos Mártires”, de acordo com uma nota do arcebispo Jorge Ortiga, publicada no ‘site’ da arquidiocese de Braga.
A autorização do Papa permite, após o cumprimento de alguns procedimentos, “a conclusão do processo de canonização e a declaração pública da santidade de Bartolomeu dos Mártires, antigo arcebispo de Braga e figura de referência do Concílio de Trento (1545-1563)”, indica a mesma nota.
A data de canonização será anunciada posteriormente, acrescenta a nota.
Bartolomeu dos Mártires foi declarado venerável, a 23 de Março de 1845, pelo papa Gregório XVI e beato, a 4 de Novembro de 2001, pelo Papa João Paulo II.
Em Fevereiro do ano passado, o arcebispo Jorge Ortiga entregou ao Papa Francisco um dossier sobre a vida de Bartolomeu dos Mártires e apresentou um pedido de canonização equipolente (dispensa de milagre), refere a mesma nota.
Defensor da Igreja bracarense
Frei Bartolomeu dos Mártires nasceu em Lisboa, em Maio de 1514, e entrou na Ordem Dominicana em 11 de Novembro de 1528, tendo sido eleito arcebispo de Braga em 1559. Morreu em Viana do Castelo a 16 de Julho de 1590.
Teve participação notável no Concílio de Trento, tendo participado nas reuniões de 1562-1563, onde apresentou 268 petições. Defendeu a primazia bracarense em oposição ao Arcebispo de Toledo (ambos reivindicavam a primazia das Espanhas, a tal ponto que teve de ser aberta uma porta extra para que pudessem entrar ao mesmo tempo). Aplicou desde logo as decisões do Concílio, tendo sido o primeiro de todos os prelados a executá-las, logo no concílio que teve lugar em Braga em 1964. Preparou um catecismo para o povo intitulado ‘Catecismo ou doutrina cristã e práticas espirituais’.
Arcebispo popular disputado por Braga e Viana
Era muito popular e passava a maior parte do tempo em visita pastoral na sua arquidiocese. Preocupou-se muito com a formação do clero, tendo fundado um seminário, e com várias questões sociais. Durante a peste de 1570 e a crise económica de 1574 as suas obras de caridade foram exemplares. Durante a crise da sucessão de 1580 manteve a sua neutralidade esperando que a questão se resolvesse politicamente. Ratificou a sua decisão de resignação em 1582, por idade avançada. Faleceu em Viana do Castelo, no Convento de Santa Cruz, e com tal fama de homem santo (Arcebispo Santo, pai dos pobres e dos enfermos) que os vianenses tiveram de proteger o seu cadáver dos bracarenses que o reivindicavam.
FG (CP1200)