O partido Demokraatit, pró-independência e de centro-direita da Gronelândia, foi o mais votado, com quase 30% dos votos, nas eleições legislativas de terça-feira, num resultado surpreendente, uma vez que a ilha foi às urnas no meio das ameaças de Donald Trump de assumir o controlo.
Seguiu-se-lhe o partido Naleraq, que obteve cerca de 25% dos votos. O partido Inuit Ataqatigiit ficou em terceiro lugar com mais de 21%, enquanto o partido de esquerda Siumut ficou em quarto lugar com cerca de 15% dos votos.
SURPRESA
A vitória surpreendente do Demokraatit sobre partidos mais à esquerda que governaram o território durante os últimos anos, indica que muitos habitantes da Gronelândia se preocupam igualmente com os cuidados de saúde, a educação, o património cultural e outras políticas sociais, revelam os analistas.
Em Fevereiro, o primeiro-ministro Mute Bourup Egede convocou eleições antecipadas, afirmando que o país precisava de estar unido durante um “período grave” que é diferente de tudo o que a Gronelândia já viveu. Mas a aposta parece ter-se revelado perdedora: Egede perdeu, criando agora uma dúvida sobre a forma como o país vai responder ao repto do presidente dos EUA.
EFEITO TRUMP?
Donald Trump tem manifestado abertamente o seu desejo de controlar a Gronelândia, dizendo numa sessão conjunta do Congresso, a primeira da sua segunda presidência, que achava que os Estados Unidos a iriam conquistar a Gronelândia “de uma forma ou de outra”.
Ora, o que se passou foi que o anterior primeiro-ministro, abertamente contra a ‘intervenção’ dos Estados Unidos, queria perceber se o país estava alinhado com essa direcção. O facto de ter perdido lança dúvidas sobre qual é a posição dos gronelandeses face à questão.
A vitória do Inuit Ataqatigiit, de Egede, era esperada, mas ficou apenas em terceiro, seguida do Siumut, dois partidos que dominaram a política da Gronelândia nos últimos anos.
A Gronelândia, uma região autónoma da Dinamarca, atravessa rotas aéreas e marítimas estratégicas no Atlântico Norte e possui ricos depósitos de minerais de terras raras necessários para fabricar tudo, desde telemóveis a tecnologias de energia renovável. A ilha tem 56 mil habitantes e está a caminho da independência desde, pelo menos, 2009. Elegeu 31 deputados.
O Naleraq é o partido mais agressivo a favor da independência, enquanto o Demokraatit defende um ritmo de mudança mais moderado.
Com Jornal Económico
Foto Mads Claus Rasmussen / AFP