Dirigentes de 13 partidos nacionalistas e de extrema-direita europeus acordaram este sábado trabalhar para votarem alinhados no Parlamento Europeu, mas não chegaram a um acordo para uma aliança formal.
Estiveram em Varsóvia, entre outros, os primeiros-ministros da Polónia e da Hungria, Mateusz Morawecki e Viktor Orban, a dirigente da extrema-direita francesa Marine Le Pen, o presidente do partido espanhol VOX, Santiago Abascal, e a líder do italiano Fratelli d’Italia, Giorgia Meloni.
Numa declaração conjunta no final do encontro, o grupo manifestou a sua oposição “a uma Europa governada por uma elite autoproclamada” e declarou que “apenas as instituições soberanas dos Estados têm plena legitimidade democrática”.
Na agenda do encontro estava “uma cooperação mais estreita” no Parlamento Europeu, que incluiria “a organização de reuniões conjuntas e o alinhamento de votos em matérias comuns, como a protecção da soberania dos Estados-membros e o posicionamento em relação à imigração ilegal”, segundo a mesma declaração.
Estes partidos estão actualmente integrados em dois grupos políticos diferentes no Parlamento Europeu: Grupo da Identidade e Democracia e Grupo Conservadores e Reformistas Europeus.
Marine Le Pen, que é candidata nas Presidenciais francesas de Abril de 2022, disse à agência de notícias France Presse (AFP) estar “muito contente com o resultado desta reunião” e com o “compromisso de reuniões regulares com o objectivo de haver votos comuns entre os dois grupos em matérias que são importantes no Parlamento Europeu”.
Estes partidos esperam criar um grupo comum no Parlamento Europeu, no futuro, que Le Pen considerou “mais necessário” quando está prestes a tomar posse na Alemanha uma nova coligação, formada por sociais-democratas, verdes e liberais, “que faz do objectivo federalista uma prioridade” e que “certamente vai contribuir para agravar a pressão migratória” nos países europeus.
Já o líder do grupo do VOX no Parlamento Europeu, Jorge Buxadé, disse à agência EFE que o encontro foi frutífero e serviu para fixar “linhas de permanente colaboração entre os diferentes partidos”, dentro e fora da assembleia parlamentar europeia.
VIRAGEM HISTÓRICA
Buxadé afirmou que haverá um novo encontro em Janeiro de 2022, em Espanha, e disse que o objectivo dos 13 partidos é a oposição a uma Europa “liderada pela Alemanha, Macron e Ursula Von Der Leyen”, referindo-se ao Presidente francês e à presidente da Comissão Europeia.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, considerou que está em causa uma “viragem na história da Europa, da União Europeia e dos Estados soberanos da União Europeia”.
“Ou (…) juntos colocamos uma barreira à usurpação que concentra o poder nas mãos das elites europeias (…) ou seremos confrontados com o alargamento de competências [das instituições europeias] e o recuo daquilo que é uma das melhores invenções da humanidade, ou seja, os Estados soberanos”, salientou.
A Polónia e a Hungria estão ameaçadas por um mecanismo da UE que permite suspender fundos europeus em caso de violação dos princípios do Estado de Direito por causa de políticas e legislação adoptadas pelos respectivos governos.