A Direcção da Organização Regional de Braga (DORB) do PCP considera que a nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, anunciada pelo Governo, não resolve os problemas estruturais da região, nomeadamente as ligações entre Braga e Guimarães.
Em comunicado enviado ao PressMinho, este sábado, os comunistas do distrito bracarense, recordando que anúncio agora feito já tenha sido feito em 2000 no último Governo PS com António Guterres, em 2004 no Governo PSD com Durão Barroso, em 2008 no Governo PS de José Sócrates e em 2020 já com este Governo PS e António Costa, afirmam que a linha de alta velocidade “é uma infra-estrutura absolutamente estratégica para o país e para a rede ferroviária nacional”, cuja construção o PCP vem reivindicando há dezenas de anos”.
No entanto, o partido diz que o plano não resolve os tais problemas estruturais da região. Dá como exemplo a “inexistência de uma cintura ferroviária” entre as quatro maiores cidades da região – Braga, Guimarães, Barcelos e Vila Nova de Famalicão -, que, “juntamente com a destruição de linhas férreas – como a ligação entre Guimarães e Fafe ou Vila Nova de Famalicão e Póvoa de Varzim – e “o adiamento de importantes investimentos são alguns dos factores que limitam a importância estratégica e estruturante do caminho-de-ferro”.
Merecedora de critica do PCP é também a inexistência de uma linha ferroviária que una Braga e Guimarães directamente, obrigando os utentes a trocar de linha em Lousado, concelho de Vila Nova de Famalicão, e ali apanhar o comboio que liga o Porto a Guimarães.
“Em média, a viagem ferroviária entre Braga e Guimarães demora uma 01h32 horas para percorrer a distância de apenas 25 km que separa os dois concelhos. É como se esta distância fosse percorrida a 16 km/h”, calcula a DORB.
Ora, o anúncio do ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, “nada diz acerca destas ligações ferroviárias necessárias concretizar na região, limitando-se a adiantar intenções vagas sobre a alta velocidade, com datas longínquas e projectos cuja concretização depende não apenas de capacidades nacionais mas também de decisões políticas das autoridades espanholas”.
Contudo, do Governo ficou a garantia que “Braga ficará a duas horas de Lisboa”.
O PCP alerta: “neste processo não pode ser ignorado que a expansão da rede ferroviária implica um planeamento com profundidade, para mais em zona de tão elevada densidade populacional, o que mostra bem a falta de serviços públicos de planeamento que foram desmantelados no passado”.
Os comunistas também dirigem as criticas aos presidentes das Câmara de Braga e Guimarães, respectivamente Ricardo Rio e Domingos Bragança, por “alimentar em excesso as expectativas relativamente ao anúncio do Governo e nada dizem acerca do investimento na ferrovia na região e a sua articulação com o novo projecto de alta velocidade”.
Recorde-se que o plano contempla a construção de duas novas estações em Braga e Valença, uma obra a executar em duas fases, a primeira das quais arranca em 2026 com a construção da linha de alta velocidade entre Braga e Valença, mas também entre o Porto e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Fernando Gualtieri (CP 7889 A)