O secretário-geral do PS aproveitou, este sábado, a apresentação de Ricardo Costa à liderança da Câmara de Guimarães nas autárquicas de Setembro. para acusar o Governo de incompetência, de desnorte e de falhar no sector da Saúde, considerando que a demissão do director-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) fragiliza o executivo de Luís Montenegro.
“O Governo fez tudo para que o [ex] director executivo Fernando Araújo se demitisse. Um director executivo competente, consensual na sociedade portuguesa e que estava a fazer um trabalho importante. Fez tudo para que o anterior director executivo saísse de funções e não fez nada para ter um director executivo novo à altura dos desafios que temos no SNS”, começou por dizer Pedro Nuno Santos aos jornalistas, à chegada a Guimarães, para um almoço de apresentação da candidatura de Ricardo Costa à autarquia local.
Para o líder do PS “o falhanço do Governo é claro”.
“Desde logo, na instabilidade que hoje temos nas estruturas da Saúde, a começar na direcção executiva e a continuar nas Unidades Locais de Saúde, onde têm sido feitas muitas alterações, umas em cima das outras, para garantir que os autarcas do PSD em final de mandato possam ter um destino, sem terem conseguido, até agora, resolver os principais problemas do SNS nem concretizar as próprias medidas que apresentaram”, sublinhou o responsável socialista.
“DESNORTE”
Pedro Nuno Santos lembrou que o Governo e o primeiro-ministro apresentaram para a Saúde um Plano de Emergência e Transformação em 60 dias, acrescentando que o “mais importante é concretizar” essas medidas, algumas urgentes e prioritárias, que ainda não se efectivaram.
“O problema na saúde é de pessoas, é de equipas, e isso é responsabilidade do Governo, mas é também de políticas. E esta instabilidade nas chefias, reparem, nós já vamos no terceiro presidente do INEM e já vamos para o terceiro director executivo do SNS, num Governo que tem dez meses. A situação é grave e neste momento não temos nem uma equipa ministerial nem um Governo à altura para dar resposta a uma das áreas mais importantes da nossa vida que é a Saúde”, defendeu o secretário-geral do PS.
A ministra da Saúde aceitou o pedido de demissão apresentado na sexta-feira à noite pelo director-executivo do SNS, António Gandra D’Almeida, surgido na sequência de uma investigação da estação SIC, que denunciou que o responsável acumulou, durante mais de dois anos, as funções de director do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão, referindo que a lei diz que é incompatível.
Questionado se a demissão de António Gandra D’Almeida fragiliza a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, Nuno Santos foi mais longe.
Refira-se que o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda anunciou este sábado que vai pedir uma audição urgente de António Gandra d’Almeida e da ministra da Saúde.
“Acho que é fundamental que sejam prestados esclarecimentos ao Parlamento sobre as verdadeiras razões desta demissão, sem perdermos de vista, que já estávamos a assistir, há algum tempo, a uma desvalorização da direcção executiva do SNS, que é uma peça importante da reforma do SNS que estava em curso e que foi desvalorizada por esta senhora ministra e por este Governo”, afirmou Pedro Nuno Santos.
“Claramente há um desnorte no que diz respeito à saúde e esta é mesmo uma das áreas cruciais. Se o Governo é incompetente na área da saúde, não é competente naquilo que é mais importante. A situação do SNS é difícil, há muitos anos. Sempre o dissemos, nunca o escondemos. Este Governo criou a expectativa na sociedade portuguesa de que era fácil e possível de ser rápido resolver os problemas do SNS”, sublinhou o Nuno Santos.