A petição pública ‘Em defesa do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa como referência para a Arqueologia portuguesa e em particular do Norte de Portugal’ contava ao final da tarde desta segunda-feira de 1.108 assinaturas.
Os signatários entendem que a tutela municipal, recentemente anunciada pelo Ministério da Cultura, “não poderá responder ao seu papel regional, de apoio à investigação e de garante de boas práticas no âmbito da Conservação e Restauro que importa prosseguir, apelando a que seja reequacionada esta decisão”.
A petição, lembra que o museu bracarense, além do trabalho do Laboratório de Conservação e Restauro e das acções de formação que proporciona tem a seu cargo um espólio da Pré e Proto-História, proveniente na sua grande maioria de sítios arqueológicos do Noroeste Peninsular.
“Merece realce o espólio proveniente das escavações arqueológicas realizadas em Braga, a cidade romana de Bracara Augusta, a única capital de província do império romano em território português, e mais tarde capital do Reino Suevo”, frisa a petição, endereçada a António Costa, a Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, a António Cunha presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e a Laura Castro, Directora Regional da Cultura do Norte, entre outros.
É ainda sublinhado que, além do espólio de origem nacional, o D. Diogo de Sousa possui e expõe de forma permanente, uma colecção de cariz internacional, fruto da Doação Bühler-Brockhaus, que faz deste museu “uma referência incontornável na leitura da relação entre o território ocidental da Península Ibérica e o Mundo Mediterrânico na Antiguidade Clássica”.
A opção dos mecenas, recordam os signatários, foi justificada pelo carácter abrangente das colecções do museu e pela “sua competência técnica especializada nas áreas da Conservação e Restauro, assim como pela dinâmica de apoio à investigação arqueológica”.
“O Museu apoia também a criação de discursos museográficos para centros interpretativos e espaços museológicos de carácter monográfico e regional com especial destaque para os que têm colecções arqueológicas”, salienta a petição, que sublinha igualmente que o museu “é em si próprio um sítio arqueológico identificado como ‘Cavalariças’ (BRA CVL), estando visitável o correspondente a uma estrutura residencial com dois grandes painéis de mosaico bicromo, datada do século I.
EXECUTIVO APROVA MOÇÃO DO PS
Outras estruturas arqueológicas romanas estão também preservadas no subsolo, constituindo-se como uma reserva arqueológica que parcialmente já foi alvo de escavação e estudo.
Esta segunda-feira, o Executivo aprovou pelo unanimidade uma moção apresentada pelo PS contra a desclassificação dos museus D. Diogo de Sousa e dos Biscainhos para a esfera municipal.
A moção visa pretende mostrar o desagrado do Executivo Municipal face à decisão tomada pelo Ministério da Cultura quanto à reorganização das competências das direcções regionais de Cultura proposta pelo Governo, que passa aqueles espaços culturais de estruturas regionais para municipais.
Recorde-se que a partir de 1 de Janeiro de 2024, a Direcção-Geral do Património Cultural dá origem a duas entidades distintas: o instituto público Património Cultural, com sede no Porto, e a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, com sede em Lisboa.
Fernando Gualtieri (CP 7889)