Esposende, Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira, são quatro das câmaras municipais que foram alvos de buscas por parte da Polícia Judiciária e do Ministério Público no âmbito da ‘Operação Tutti Frutti’ -como foi baptizada a investigação de uma rede de constituída, maioritariamente, por militantes do PSD, que visava a adjudicação de contratos públicos a militantes deste partido, avança o JN.
Nos casos da Feira e de Famalicão, os investigadores procuraram documentos relacionados, nomeadamente, com contratos celebrados com a Ambigold, de que é sócio-gerente Carlos Eduardo Reis, antigo líder da JSD/Braga e actual membro do Conselho Nacional do PSD. Em Vila Nova de Gaia, estarão em causa negócios feitos ainda no tempo em que o município era dirigido pelo PSD.
A Operação Tutti Frutti, desencadeada ao início da manhã desta quarta-feira, incluiu cerca de 70 buscas, não só em câmaras e juntas de freguesia, como também em instalações do PSD e do PS, nomeadamente na concelhia de Lisboa do PS e na distrital de Lisboa do PSD, e em empresas, escritórios de advogados e domicílios particulares
Já a sul do país, a Polícia Judiciária entrou, com mandados de busca, nas Câmaras de Oeiras, Cascais, Loures, Lisboa e Faro. Fora do Continente, estiveram na Câmara de Ponta Delgada.
Os factos sob investigação remetem para crimes corrupção, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento partidário proibido, informou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, no seu portal.
“Segundo os fortes indícios recolhidos, apurou-se, no essencial, que um grupo de indivíduos ligados às estruturas de partido político, desenvolveram entre si influências destinadas a alcançar a celebração de contratos públicos, incluindo avenças com pessoas singulares e outras posições estratégicas”, lê-se ainda na nota da procuradoria distrital dirigida por Maria José Morgado.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa informou ainda que as buscas exigiram a mobilização de três juízes de instrução criminal, doze magistrados do Ministério Público, peritos informáticos e financeiros e inspectores da Polícia Judiciária, em número que ascende a cerca de 200 pessoas.