Os dados mais recentes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), citados pelo jornal Expresso, mostram que o índice de acessibilidade habitacional, no terceiro trimestre de 2024, atingiu em Portugal o valor mais elevado desde 2015 (quando começaram os registos), com 157,7 pontos.
No entanto, apontou a OCDE, Portugal não só tem o pior cenário de sempre, mas é também o país com acesso mais difícil à habitação nos 30 países da organização: está 36% acima da média da OCDE (115,7) e 50% acima da média da zona euro (104,7).
Portugal é ainda o país, nos últimos 10 anos, onde o acesso à habitação mais se complicou: houve 58,33% de degradação no acesso à habitação.
Para estes números, contribuem a evolução do preço das casas e a evolução do rendimento. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística), o índice de preços da habitação subiu 135,2%, o que significa que os preços das casas mais do que duplicaram numa década, com os preços a subir sem parar desde o terceiro trimestre de 2020.
Já os rendimentos cresceram numa proporção muito menor: se se comparar a remuneração bruta mensal média por trabalhador, houve um crescimento de 1.150 para 1.534 euros, uma subida de 33%, sendo que o salário mínimo nacional aumentou de 495 para 820 euros (dados de 2014 e 2024, respectivamente), mais 69%. Ou seja, os preços das casas cresceram a um ritmo quatro vezes superior ao do rendimento médio, sendo que face ao rendimento mínimo cresceram a um ritmo quase duas vezes superior.
O custo de vida também aumentou: excluindo a habitação, o índice de preços no consumidor cresceu, numa década, 21%, mais baixo do que a evolução dos preços das casas.