Uma mulher portuguesa foi detida pela PJ, suspeita de ser angariadora de mulheres para casamentos falsos, no Chipre, com cidadãos hindustânicos, estando detida a aguardar extradição para aquele país, depois de aceitar ser julgada lá.
O Eurojust (Agência Europeia para a Cooperação em Justiça Criminal) divulgou hoje que uma operação transnacional desencadeada a 29 de Janeiro levou à detenção de 15 pessoas – 13 no Chipre, uma na Letónia e uma em Portugal – suspeitas de pertencerem a uma rede criminosa que terá organizado 133 casamentos falsos no Chipre entre mulheres europeias e cidadãos hindustânicos.
Segundo adiantou à Lusa a PJ, em Portugal foi detida uma mulher de 44 anos, na margem sul do Tejo, sendo suspeita de ser angariadora de mulheres para os casamentos falsos.
Foi detida em cumprimento de mandado de detenção europeu, emitido pela Europol, a pedido das autoridades do Chipre, para onde a cidadã portuguesa será extraditada nos próximos dias, explicou ainda a PJ.
Segundo divulgou esta quinta-feira o Eurojust na sua página oficial, a rede criminosa, para além das suspeitas relativas aos casamentos forjados para facilitar a imigração para países da União Europeia, é ainda suspeita de actividades de tráfico de seres humanos e branqueamento de capitais.
“Os suspeitos alegadamente recrutavam mulheres portuguesas e letãs, facilitando as suas viagens até ao Chipre, onde concretizavam os casamentos de conveniência com cidadãos de países terceiros. Os suspeitos tratavam de toda a logística, incluindo a compra dos bilhetes de avião e a aquisição de passaportes e outros documentos necessários”, precisa o Eurojust.
COORDENAÇÃO
Segundo a nota da agência europeia, “os casamentos permitiam aos cidadãos extra-comunitários obter vistos de residência de países terceiros que depois usavam para viajar para outros países europeus”.
O Eurojust adianta ainda que desde 2022 foram abertos nove casos na agência europeia para facilitar a execução de ordens de investigação europeias e mandados de detenção europeus relacionados com esta investigação.
“A Agência organizou dois encontros de coordenação e facilitou a cooperação judicial entre as autoridades envolvidas no dia da operação”, refere-se na nota.
“A ‘Task Force Operacional Limassol’ da Europol foi montada para facilitar os esforços conjuntos de Chipre, Letónia e Portugal para desmantelar esta rede criminosa. A Europol apoiou esta ‘task force’ operacional facilitando a troca de informações, coordenando e financiando a actividade operacional e fornecendo apoio analítico operacional à medida.
No dia da operação, a Europol apoiou as actividades no terreno ao cruzar a informação operacional recolhida em tempo real”, detalha o Eurojust.