Com recurso às respostas de mais de oito mil inquiridos em seis países, o estudo revela que os portugueses são os condutores que mais recorrem ao telemóvel enquanto estão ao volante.
O Código da Estrada decreta que falar ao telemóvel enquanto se conduz constitui uma contraordenação grave, e coimas entre os 120 e os 600 euros. No entanto, estes valores e a previsão de subida para entre os 250 e 1.250 euros, parecem não assustar os condutores que circulam nas estradas portuguesas.
O estudo, divulgado esta quarta-feira pelo Jornal Económico, denominado ‘Global Driving Safety Survey’ foi realizado pela Liberty Mutual, de forma a avaliar o comportamento e as atitudes dos condutores em Portugal, Espanha, França, Irlanda, Reino Unido e Estados Unidos. Este estudo, além da segurança na estrada prende-se pela utilização dos telemóveis durante a condução.
Com recurso às respostas de mais de cinco mil cidadãos e europeus e de mais de três mil norte-americanos, o estudo revela que os portugueses estão entre os condutores que mais recorrem ao telemóvel enquanto estão ao volante, com 74% de prevalência. Os irlandeses e os norte-americanos encontram-se em segundo lugar, com 67%, seguindo-lhes os franceses, com 58%, os espanhóis com 55% e os britânicos com 47%.
O estudo vai ainda mais longe e garante que a maioria dos utilizadores que recorre ao telemóvel enquanto conduz pertence à geração dos ‘millennials’, que nasceu entre os anos 80 e o início da década de 2000, com 83%. De perto segue-lhe a geração X, entre os anos 60 e o início dos anos 80, com 76% das respostas, e os ‘baby boomers’ com 62%.
“A geração millennial já cresceu com estes aparelhos e a principal razão para usarem o telemóvel enquanto conduzem é porque têm medo de perder alguma informação importante, ou de só terem acesso à mesma tarde demais”, revela Mike Sample, consultor técnico da Liberty Mutual.
Relativamente às formas de utilização do telemóvel durante a condução, 69% dos portugueses inquiridos admite olhar para mensagens e chamadas que estão a receber, enquanto 52% olham para as notificações, 26% admitem ler emails e mensagens. Cerca de 25% dos portugueses questionados admite enviar mensagens de áudio durante a condução, enquanto 20% utiliza aplicações dos smartphones.
No inquérito realizado, apenas 13% dos portugueses admite ter o telemóvel fora do alcance enquanto está a conduzir, sendo este o número mais reduzido do inquérito que envolve condutores portugueses.
Na duração de chamadas, 37,4% dos portugueses sustenta que segura o telemóvel na mão enquanto conduz, sendo que 65,7% realiza as chamadas com o sistema de mãos livres. Ainda assim, estes valores são superiores à média europeia.
“Estes dados sugerem que a dependência do telemóvel e a necessidade de se manterem comunicáveis, quer por questões pessoais ou profissionais, se sobrepõe à consciência de que ao utilizar o telemóvel durante a condução estão a aumentar o risco de se envolverem num acidente rodoviário”, acrescenta José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, citado pelo Jornal Económico.