Os portugueses estão a descansar poucas horas, dormindo em média menos de seis horas diárias, com reflexos negativos na vida activa e social, disse esta sexta-feira o presidente da Associação Portuguesa do Sono (APS), Joaquim Moita.
Em declarações à agência Lusa, o médico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) referiu que a sociedade portuguesa e europeia “dão pouca importância ao sono, dando mais importância ao trabalho e ao lazer”.
“As pessoas dormem pouco e mal em Portugal”, sublinhou o especialista, que dirige também o Centro de Medicina do Sono do CHUC, frisando que esta situação provoca problemas de saúde cognitiva e física.
RELIGIÃO E SONO
A APS vai assinalar o dia mundial do Sono em Coimbra, no dia 15 de Março, com uma mesa redonda sobre a presença e representação do sono nos Livros das Grandes Religiões Proféticas (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo), em que participam um estudioso, um crente, um líder religioso, um médico e uma cientista.
“Quando um elemento lê os livros, por exemplo, o Corão, verificamos que é muito interessante que estão lá os procedimentos que a medicina do sono moderna, que é relativamente recente (só tem 50 anos), também recomenda”, frisou Joaquim Moita.
Segundo o presidente da APS, “quando se olha para as religiões, verifica-se, em primeiro lugar, que têm muitos pontos em comum e que dão uma grande importância ao sono”.
“É muito interessante verificar que todas elas dão uma grande importância ao sono, à alternância entre o sono e a vigília, entre a noite e o dia, isso é muito importante”, realçou.
De acordo com Joaquim Moita, “vive-se numa sociedade que desvaloriza a importância do sono e verifica-se que, de facto, nas religiões monoteístas isso não acontece”.
“Pelo facto de termos luz, estendemos o nosso trabalho e o lazer pela noite dentro. Ora, os livros dizem-nos que não, que de facto é preciso aproveitar esta alternância entre a noite, em que preferencialmente devemos dormir, e o dia, em devemos trabalhar”, acrescentou.