A guerra tarifária anunciada pela nova administração norte-americana liderada por Donald Trump, levam a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) a pedir ao Governo e à AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal que reforcem os apoios à promoção “da imagem do país e da imagem da indústria” nos EUA.
Mário Jorge Machado, presidente da ATP, assume “grande preocupação” com uma possível subida das taxas a aplicar aos produtos europeus, o que os tornará mais caros e levará o consumidor americano a comprar menos, mas também com as consequências de um aumento tarifário sobre as empresas chinesas que, não podendo vender nos EUA, irão procurar outros mercados, em especial o europeu.
“Todos sabemos que muitas das empresas asiáticas têm estratégias de entrada no mercado vendendo abaixo do preço. Perdem dinheiro durante alguns anos, mas depois ficam donos do mercado. Já o vimos acontecer em vários sectores e é um grande risco para a Europa”, alerta em declarações ao DN.
Contudo, o líder da ATP, com sede em Vila Nova de Famalicão, lembra que grande parte das marcas americanas são produzidas na China e noutros países asiáticos e esse pode ser um espaço a ocupar por outros fornecedores.
“É verdade que serão os países da América Central e da América do Sul os primeiros grandes beneficiados, dado que têm acordos preferenciais com os Estados Unidos, mas o que temos dito às empresas é que se preparem para esta guerra passando à acção”, diz Mário Jorge Machado, que considera que é preciso desenvolver muito rapidamente missões empresariais aos EUA e trazer potenciais compradores a Portugal.
“É verdade que estamos muito longe dos preços chineses, mas temos outras vantagens, como as questões da sustentabilidade. Mas conquistar novos clientes obriga a um grande investimento e as empresas não conseguem fazê-lo sozinhas”, admite ao DN.
Mário Jorge Machado estima serem necessários “no mínimo, um milhão de euros ao ano”, sendo que, para serem eficazes, este tipo de acções tem de ser feitas em planos de três a cinco anos. “Se não se fizer este investimento, para promover o país e a indústria, outros o farão”, vaticina.
8% DAS EXPORTAÇÕES
O mercado americano representa cerca de 8% das exportações da fileira têxtil, com especial destaque para o vestuário e os têxteis-lar. Foram quase 500 milhões de euros em 2022, valor que caiu 10% em 2023, mas que este ano voltou a crescer, num quadro generalizado de quebra nos mercados externos.
Nos primeiros nove meses do ano, a fileira exportou bens no valor de 4 169,5 milhões de euros, menos 6% do que em igual período de 2023. Para os EUA foram 318,3 milhões de euros, mais oito milhões do que no período homólogo.
Com DN