Os confrontos tiveram lugar esta quinta-feira à saída de um comício do candidato presidencial André Ventura no Cinema Charlot, em Setúbal, por algumas dezenas de manifestantes.
Às 15 horas, ainda antes de Ventura chegar ao local, os manifestantes já gritavam palavras de ordem contra o líder do Chega. “André Ventura, já foste de trivela”, numa alusão a Ricardo Quaresma e a uma polémica que envolveu os dois no passado, e “Setúbal é terra antifascista”, conta o Observador.
Quando o candidato chegou, às 15h23, foi recebido com gritos anti-Chega e a comitiva foi atingida com ovos. Depois de terminado o comício, a equipa de segurança estudou com a PSP a melhor forma de deixar o local.
Existiam vários cartazes de apoio a Ana Gomes, que, entretanto, já se demarcou do gesto, no Twitter: “Sou contra qualquer tipo de protesto violento contra qualquer candidato. Ninguém actua de forma violeta em meu nome”.
Ana Gomes publicou o tweet assim que, à saída de uma entrevista no Porto Canal, foi informada do que tinha acontecido.
Pouco depois, em declarações aos jornalistas no Coliseu do Porto, à margem de um comício virtual de pré-encerramento da campanha, insistiu na mesma ideia: “Não tenho rigorosamente nada a ver com o que se passou, e ninguém actua de forma violenta em meu nome. A democracia para mim é o diálogo de ideias e o voto. Em nenhuma campanha é bom que haja violência.
Também Marisa Matias, candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, já condenou os incidentes. “Não se derrota o ódio com violência”, escreveu a bloquista no Twitter.
Tiago Mayan Gonçalves, da Iniciativa Liberal, também censurou o que aconteceu esta tarde em Setúbal. “Condeno totalmente qualquer forma de violência”, escreveu.
À margem de uma acção de campanha, em declarações aos jornalistas, João Ferreira, candidato apoiado pelo PCP, limitou-se a recordar que “tudo fez” para “manter uma elevação neste debate eleitoral” e que ninguém o viu “entrar em disputas inconsequentes, ódios ou insultos”. Desafiado a condenar concretamente este acto de violência, não o fez.
O corpo de intervenção da Polícia de Segurança Pública esteve no local e forçou os manifestantes a dispersarem, em ambiente de grande tensão.
Logo após o arremesso de pelo menos uma pedra e outros objectos, os seguranças privados de André Ventura protegeram o candidato presidencial até ao interior de uma viatura, que arrancou do local.
Em declarações à SIC, o comandante Viola Silva, do Comando Distrital da PSP de Setúbal, confirmou que a entrada de André Ventura no Cinema Charlot correu “mais ou menos bem”, tendo havido “apenas uns ovos arremessados”, mas que os ânimos se exaltaram à saída.
DETENÇÃO
O repórter João Pedro Morais do Observador partilhou imagens do momento da entrada de André Ventura no edifício.
“Na saída, para além dos ovos, houve pedras e objectos metálicos” a serem atirados, confirmou o comandante. Perante esta situação, refere o agente, a PSP foi forçada a actuar.
“A PSP, com bom senso e ponderação, tentou até ao fim não usar a força. Quando começaram a cair pedras e outros objectos em cima dos agentes e do candidato, não tivemos outra hipótese que não limpar a rua para evitar males maiores”.
Segundo Viola Silva, houve pelo menos uma detenção feita, mas a acção está “em rescaldo”, e o comandante adiantou que a manifestação que se organizou ali “foi espontânea”.
“A PSP é rigorosamente apartidária, actua no âmbito do estado de direito e apenas procurámos manter a ordem pública”, reforçou.
Viola Silva, inclusive, confirmou que, decorrente dos arremessos, “um repórter de imagem da comunicação social ficou com um joelho ferido à conta de uma pedra”.
PressMinho com Observado e MadreMedia