Ana Gomes oficializou esta quinta-feira, na Casa da Imprensa, em Lisboa, a candidatura à Presidência da República na Casa da Imprensa, depois de dois dias antes ter confirmado a intenção em ir a votos.
A antiga eurodeputada esperou durante meses que o PS apresentasse um candidato e admite que “não compreende, nem aceita” a desvalorização do cargo pelo partido.
“Trata-se do mais alto cargo do nosso sistema semi-presidencialista. O Presidente da República não é eleito para governar, mas a Constituição atribui um papel vital no equilíbrio do sistema político e partidário. Como pode o socialismo democrático não participar nesta eleição?”, questiona.
Ana Gomes lembra a incerteza que o país atravessa com a crise provocada pelo covid-19, “tempos que anunciam desemprego, tensões sociais e políticas, mais desigualdades e insegurança”.
A antiga eurodeputada e diplomata diz que o aquecimento global é “muito mais grave” do que a pandemia, citando António Guterres, secretário-geral da ONU, que pediu medidas urgentes aos Governos.
A candidata à Presidência da República fala ainda nos “regimes autoritários que só podem trazer repressão e violência” e atira: “Não é possível ignorar que o Estado se deixou corroer com interesses económicos, que aumentam a desigualdade”.
Como candidata, Ana Gomes afirma que representa o campo do socialismo democrático e progressista, lembrando a carreira profissional no campo europeu e internacional. “Quero ouvir todos os quadrantes democráticos. Cuido e quero cuidar deste país”, garante.
“Candidato-me porque acredito que Portugal precisa de uma Presidência diferente. De uma Presidente que dê garantias de independência. Quer sirva o interesse nacional, e que não tenha medo de ir contra interesses instalados”.
A socialista espera que o PS acabe por anunciar o apoio à sua candidatura, mas está certa que os militantes do partido “sabem pensar pela sua cabeça”.
Ainda assim, a antiga eurodeputada deixa um recado a António Costa: “Não é aceitável que seja apenas uma cabeça a ditar o comportamento do PS. Somos um partido democrático”.
Ana Gomes garante que não se candidata contra ninguém, mas sim pelos portugueses. “Isto não é contra ninguém, é pelo país. Pelos nossos filhos e netos”.
Quanto à candidatura de Marisa Matias, que anunciou esta quarta-feira que está na corrida a Belém, Ana Gomes admite que é amiga da bloquista e recorda que ambas concorrem a Presidente da República “por objectivos de promoção da democracia no país”.
Redacção com TSF