“O investimento que o país devia fazer no mar continua adiado. Esse tem sido o desígnio apontado por muitos governantes e nunca cumprido”, afirmou Benjamim Pereira, na cerimónia que encerrou a presidência da Câmara de Esposende na Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios, iniciada em 2014.
Além do recado ao Poder Central, o presidente da autarquia sublinhou que “o rio Cávado e o mar são componentes indissociáveis de Esposende e das suas gentes, além de fonte inesgotável de riqueza, porque proporciona a pesca, o lazer, o transporte e a energia”.
A culminar a semana em que se assinalou o Dia do Mar, Benjamim Pereira recordou os aspectos que, em Esposende, marcam a ligação ao mar, desde logo na preservação da memória colectiva.
“Além do Museu do Mar, dos sítios arqueológicos com ligação ao mar, desenvolvemos intenso trabalho, por exemplo, com o Fórum Esposendense, na erradicação das redes fantasma, numa iniciativa pioneira de preservação ambiental”, dando com exemplos as iniciativas desenvolvidas com a comunidade piscatória e a candidatura a Património Cultural Imaterial da romaria e do Banho Santo de S. Bartolomeu do Mar.
Jaqueline Areias, vereadora com o pelouro da Cultura, assinalou a importância de todo o trabalho desenvolvido em torno da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios tem adquirido junto da comunidade, “contribuindo para o reforço da identidade colectiva”.
Inserida na cerimónia de encerramento da presidência esposendense da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios, realizou-se o 6.º Encontro da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios, presidido pelo Almirante José Bastos Saldanha, em representação da Sociedade de Geografia de Lisboa. No Museu Marítimo de Esposende decorreu o Seminário ‘A construção naval tradicional do Norte de Portugal’ e, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, decorreu a Assembleia Administrativa da Rede.
‘Mare Nostrum’
A apresentação de ‘Mare Nostrum – Cantigas & Poemas’, o lançamento de um livro de textos poéticos alusivos ao mar e um CD onde se reúnem composições musicais inéditas, da autoria de Telmo Marques, fizeram parte do cartaz da cerimónia
O espectáculo ‘Mare Nostrum – Cantigas & Poemas facultou o contacto com uma selecção de textos poéticos da literatura portuguesa, do séc. XIII ao Séc. XX, da responsabilidade de Sérgio Guimarães de Sousa, da Universidade do Minho. A esta antologia aliou-se a criação artística de uma nova e promissora geração de esposendenses, nomeadamente Joana de Rosa, a ilustradora, a interpretação original do Coro Ars Vocalis, sob a direcção de Helena Venda Lima, acompanhados pelo pianista Diogo Zão, com base numa composição musical inédita de Telmo Marques. A declamação foi protagonizada por Pedro Lamares.
Esposende presidiu, desde Novembro de 2014, à Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios (Sociedade de Geografia de Lisboa), tendo desenvolvido diversos projectos e acções, onde se destacam ‘Tradição Viva: a comunidade piscatória de Esposende – memórias e tradições’, projecto de investigação da cultura marítima e fluvial, os seminários ‘A via da água’ (2014) e ‘A Romaria e o Banho Santo de S. Bartolomeu do Mar’ (2016), integrados nos 4.º e 5.º Encontros da Rede.
FG (CP 1200)