O presidente da Junta de Freguesia de Tadim, Braga, do PS, confirmou, este domingo, em comunicado que o tesoureiro – entretanto substituído – terá desviado 23 mil euros das contas de 2020 da autarquia, em proveito próprio.
Manuel Faria adianta que o caso foi já comunicado à Polícia Judiciária e aproveita para desmentir que as contas tenham um total de 49 mil euros em falta, conforme havia sido avançado pela oposição PSD/CDS/PPM (coligação Juntos por Braga), facto que considera ser apenas “aproveitamento político-partidário”.
O autarca manifesta, ainda, toda a disponibilidade para esclarecer os tadinenses, “mostrando a documentação do processo a todos os cidadãos que o desejem”.
Na última Assembleia, convocada pela coligação e realizada na sexta-feira, o presidente da Junta disse que o tesoureiro terá procedido ao desvio da verba devido a problemas empresariais”, salientando que se comprometeu a repor o dinheiro, mas sem se comprometer com uma data.
Questionado pelos quatro membros da oposição sobre as medidas tomadas, o autarca explicou que foi enviada queixa à PJ e ao Ministério Público, mas escusou-se a entregar uma cópia à oposição.
Fonte do PSD adiantou, ainda, que o Executivo da Junta promete mostrar os documentos aos residentes, nomeadamente o Relatório de Contas já corrigido com o lançamento do ‘desvio’, mas não os entrega à oposição, “algo que foi pedido e que é um direito inerente à votação e aprovação das contas”.
DESVIO DETECTADO PELA OPOSIÇÃO
O caso rebentou na Assembleia de Freguesia de 15 de Junho, na votação do Relatório de Gestão e Prestação de Contas. A coligação detectou, por comparação com o mapa de caixa de 2019, a falta do dinheiro. Confrontado com o facto, o presidente terá respondido – afirmam – que “não tinha sido detectada nenhuma falta de dinheiro”, mas não soube explicar o erro nas contas. Por isso, a votação ficou para 22 de Junho.
A 19 de Junho foi enviado pelo autarca, um email à coligação com as explicações do contabilista: “o problema devia-se a uma mudança de software e, por isso, não se tinha feito o lançamento dos 49.793 euros”.
A seguir, na reunião de aprovação das contas, a Junta entregou o mapa de fluxos de caixa com a inclusão do valor em falta. Aí, a coligação perguntou onde estava o mapa de execução orçamental e, “para espanto de todos”, o Presidente disse que não era necessário. Por falta de dados, a oposição votou contra, exigindo a entrega dos documentos, e dos extractos bancários.
DEMISSÃO
Dias depois, – sublinha a oposição – “a Junta veio lamentar a demissão do Tesoureiro, e anunciou nova Assembleia, para a sua substituição”.
A 12 de Julho, fez-se nova Assembleia. Antes de se iniciar, foi a oposição “chamada à parte e informada pelo presidente da Junta, na presença do secretário e do presidente da Assembleia, que o anterior Tesoureiro, teria desviado 23 mil euros tendo mostrado alguns documentos alusivos ao facto”.