A Polícia Judiciária deteve esta quinta-feira o presidente do Turismo do Norte, Melchior Moreira, juntamente com outros dois dirigentes da entidade e dois empresários. Em causa estão suspeitas de corrupção, tráfico de influências e participação económica em negócio.
Em comunicado, a directoria do Norte da Polícia Judiciária confirma que durante a investigação foi possível determinar “a existência de um esquema generalizado, mediante a actuação concertada de quadros dirigentes, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste directo com o desiderato de favorecer primacialmente grupos de empresas”.
A teia montada tinha ainda o objectivo de contratar “recursos humanos” e utilizar “meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”.
Na chamada Operação Éter “realizaram-se 11 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, nas regiões de Porto, Gaia, Matosinhos, Lamego, Viseu e Viana do Castelo e estiveram envolvidos 50 elementos da Polícia Judiciária, incluindo inspe tores, peritos informáticos e peritos financeiros e contabilísticos”.
Já em Julho o SOL revelava em as empresas que lucraram milhões de euros com o esquema montado pelo antigo deputado do PSD, Melchior Moreira.
O projecto das lojas interactivas de turismo nos vários municípios do Norte do país, que arrancou em 2013, foi o início de uma fonte de rendimentos para várias empresas do empresário José Simões Agostinho. Sempre com recurso a ajuste directo, empresas como a Tomi World e a Media 360, em conjunto, conseguiram arrecadar mais de três milhões de euros em ajustes directos das autarquias do Norte e quase 800 mil em ajustes feitos pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Outras empresas que têm levantado suspeitas à investigação são as que são detidas ou estão de alguma forma ligadas a familiares directos do presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, o socialista Joaquim Couto, como é o caso da sua mulher.
Em Julho, a Polícia Judiciária do Porto fez diversas buscas de norte a sul do país com o objectivo de recolher provas, além de ter visitado a sede das empresas de José Agostinho em Viseu, também fez diligências nas instalações da Media 360, no Algarve.
BUSCAS NO SP. BRAGA
Além das empresas e do Turismo do Porto e Norte de Portugal, foram feitas buscas no Sporting de Braga, no Vitória de Guimarães e na Câmara de Viseu – em causa estarão os subsídios concedidos pela entidade regional aos clubes. No total, esclareceu o MP, foram feitas “16 buscas domiciliárias, 34 não domiciliárias”.
A investigação suspeita que Melchior Moreira recebia contrapartidas pelo alegado tráfico de influências, tendo sido uma delas férias no Algarve sem pagar. O antigo deputado do PSD, que é presidente do TPNP desde 2009 e foi reeleito no início de Julho para mais cinco anos, disse ver como prioridade a diferenciação da região, adiantando que pretende concluir o projecto da rede das lojas interactivas de Turismo nos 86 municípios.
O SOL revelou entretanto todas as ligações de Melchior Moreira ao autarca de Santo Tirso, que estão na mira das autoridades, e os alegados esquemas que envolvem as lojas interactivas e que chegaram a clubes de futebol como o Braga e o Guimarães.