Pelo menos cinco pessoas morreram no Irão quando protestavam contra a morte de uma mulher pela polícia, avançou esta quarta-feira uma organização de defesa dos Direitos Humanos. Os manifestantes morreram depois de terem sido alvejados pelas autoridades em algumas das sete províncias onde ocorreram os protestos.
Na origem das manifestações está a morte de uma jovem de 22 anos, na semana passada, em Teerão, horas depois de ter sido detida pela polícia, por não cobrir convenientemente a cabeça com o véu.
Mahsa Amini, natural da região do Curdistão (noroeste), de 22 anos, foi detida na terça-feira quando estava em Teerão a visitar a família, por alegadamente apresentar falhas no véu islâmico. Faleceu sexta-feira depois de estar três dias em coma, o que provocou a uma onda de indignação em todo o país.
A “polícia da moralidade”, que é responsável por fazer cumprir o rígido código de vestuário da República Islâmica, incluindo o uso do hijab (o véu obrigatório para as mulheres), tem sido fortemente criticada nos últimos meses por intervenções violentas.
Cerca de 500 pessoas protestaram domingo em Sanandaj, capital da província do Curdistão, gritando palavras de ordem contra as autoridades do país” revelou a Fars, agência de notícias semi-oficial do Irão.
Os manifestantes “destruíram os vidros de alguns carros e incendiaram caixotes de lixo” e “a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão”, acrescentou a agência.
Ainda segundo a Fars, “várias pessoas foram detidas pela polícia”, sem especificar um número exacto.
No sábado, outra manifestação em Saghez, cidade natal de Mahsa Amini, foi também dispersa pelas autoridades com recurso a gás lacrimogéneo.
O véu é obrigatório para as mulheres iranianas desde a Revolução Islâmica de 1979 e os membros da polícia da moralidade impõe o rigoroso código de vestuário.
A agência acrescenta que “muitos manifestantes estão convencidos que Mahsa Amini foi torturada até à morte”.
Na sexta-feira, a polícia da capital iraniana defendeu que, “não houve contacto físico” entre a polícia a jovem.
No mesmo dia, a televisão estatal divulgou um curto vídeo de vigilância mostrando uma mulher, identificada como Mahsa Amini a desmaiar na esquadra após uma discussão com uma agente da polícia.
No vídeo, a certa altura, a jovem levanta-se de uma cadeira, vai falar com outra mulher, segura a cabeça com as duas mãos, tropeça num assento e desmaia. No segmento seguinte, está a ser carregada numa maca.
A “polícia da moralidade” afirmou que a mulher sofreu um ataque cardíaco.
No entanto, Amjad Amini, pai da vítima, afirmou à Fars, que “não aceita o que a polícia divulgou”, porque, segundo ele, “o vídeo foi cortado”.
Amjad Amini também criticou a “lentidão dos serviços de emergência”: “Acredito que a minha filha foi transferida tardiamente para o hospital”.
Com agências