O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, apresentou oficialmente a sua demissão, esta segunda-feira, culpando os “políticos corruptos” pelo caos no país, de acordo com a imprensa internacional.
Numa breve conferência de imprensa, Diab disse que a explosão que abalou Beirute na semana passada foi causada pela “corrupção endémica que impregnou a política libanesa durante anos”. O responsável admitiu assim “dar um passo atrás”, para que seja possível estar com as pessoas “e lutar pela mudança ao lado delas”.
“Declaro hoje [segunda-feira] a renúncia deste governo. Que Deus proteja o Líbano”, disse Diab, que culpou os políticos corruptos que o precederam pelo “terramoto” que atingiu o país. “Deviam (a classe política) ter vergonha de si mesmos, porque a sua corrupção conduziu a este desastre que esteve escondido durante sete anos”, acrescentou.
A decisão da demissão de Diab já tinha sido anunciada pelo governo do país esta segunda-feira, com o responsável a confirmá-la horas depois numa conferência de imprensa que sucedeu à reunião com o executivo. Durante a reunião, “a maioria dos ministros pediu ao governo que renuncie”, disse a ministra do Desporto e Juventude, Vartine Ohanian, à AFP.
A demissão do executivo está relacionada com as explosões no passado dia 4 no porto de Beirute, que provocaram pelo menos 158 mortos, cerca de 6.000 feridos, “pelo menos 20 desaparecidos”, e ainda na sequência das acusações de corrupção que levaram a uma crise económica sem precedentes e também à má gestão da pandemia de covid-19.
Antes do início da reunião do Governo, quatro ministros tinham já apresentado a demissão.
Além do Governo, pelo menos nove deputados do Parlamento libanês também apresentaram a demissão.
As explosões, que as autoridades libanesas têm atribuído a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio, deixaram também cerca de 300.000 pessoas desalojadas.
As explosões viram também alimentar a revolta de uma população já mobilizada desde o Outono de 2019 contra os líderes libaneses, acusados de corrupção e ineficácia.
Com a renúncia do actual governo, o Líbano terá o seu terceiro primeiro-ministro no espaço de um ano. O próprio Hassan Diab ocupava o cargo há menos de um ano, tendo assumido a liderança do governo somente em Dezembro do ano passado.
Este fim-de-semana, Beirute foi palco de protestos de vários pessoas a pedir a renúncia do governo e responsabilização das autoridades pela explosão e pela crise. Houve confrontos entre policia e manifestantes e alguns prédios públicos chegaram a ser ocupados.