O Parque Nacional Peneda-Gerês “pode ser uma nova escolha” para férias, podendo “até beneficiar mais do que o normal” durante a época balnear, depois do confinamento obrigatório provocado pelo novo coronavírus, acrescentando que “procura que já está a ser notada”, disse esta quarta-feira à Lusa uma das responsáveis pelo local.
Em declarações à Lusa, a responsável pela ADERE – Peneda Gerês, entidade privada sem fins lucrativos que desenvolve a sua actividade no Parque Nacional da Peneda Gerês, Sónia Almeida, garantiu ainda que a vigilância do parque nacional “foi mantida”, assim como a limpeza de matas e a manutenção dos trilhos pedestres, pelo que aquela área protegida “não sofreu muito” com o estado de emergência e falta de visitantes.
A responsável lembrou que o parque “nunca este totalmente fechado”, porque tem entre oito a nove mil pessoas a viverem dentro dos seus limites, que abrange 22 freguesias dos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro, mas “houve consequências ao nível do Turismo”, uma vez que os restaurantes, alojamentos e actividades recreativas estiveram encerrados.
“O Parque tem a particularidade de ser habitado, pelo que continuou a circular gente nos limites dos concelhos e dentro do permitido pelo estado de emergência. O que não existiu foi turistas ou desportistas que habitualmente usavam os trilhos e os alojamentos”, explicou.
“Não há conhecimento de nenhuma contra-ordenação ou detenção feita nos limites do parque durante o estado de emergência”, adiantou.
Com o fim do confinamento e com a época de férias a aproximar-se, a responsável acredita que a actividade turística do Gerês poderá não ser das mais afectadas.
“O alojamento no parque é maioritariamente turismo rural e já existe procura de casas para os meses de férias, mas com a diferença de que esta procura está a ser feita por mais turistas nacionais, que habitualmente iam para fora do país, e com preferência para o arrendamento de residências inteiras e não apenas quartos”, disse.
Sónia Almeida referiu que “a actividade turística na zona pode até beneficiar mais do que o normal de outros anos, pela preocupação dos turistas em saírem do país”.
Segundo a responsável, “além da procura que já está a ser notada, está também a existir uma preocupação por parte dos operadores em melhorarem a oferta” no que toca a garantias contra o novo coronavirus.
“Os responsáveis [pelos alojamentos turísticos] estão sem dúvida a reforçar a garantia de segurança, não só com a aplicação das normas exigidas pelo Governo mas também com a procura de conseguirem o selo ‘Clean and Safe’, que não é obrigatório mas reforça garantias”, explicou.
Criado em 1971, o Parque Nacional Peneda-Geres recebe “mais de 100 mil visitantes ao longo do ano”, número que “não deve ser atingido este ano devido ao confinamento obrigatório” mas o número de visitantes na “chamada época balnear pode até aumentar”.
INCÊNDIOS
Quanto à época de incêndios e aos atrasos reconhecidos na limpeza das matas, Sónia Almeida explicou que “não se esperam problemas” para aquele parque nacional: “As juntas de freguesia e as associações de baldios não deixaram de fazer o seu trabalho nessa área e além disso há 10 equipas do Corpo Nacional de Agentes Florestais a actuar no terreno”, assegurou.
O Parque Nacional da Peneda-Gerês é considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera e ocupa uma área superior a sete mil hectares entre o Minho e Trás-os-Montes e faz fronteira com o parque natural espanhol do Baixa Limia – Serra do Xurés, compondo aquele que é conhecido pelo Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés.