Os documentos de prestação de contas da Câmara de Vila Verde referentes a 2016 foram esta terça-feira aprovados, em reunião do executivo, com a abstenção do PS, que considera que a autarquia “tem de ser gerida de uma forma muito mais eficiente”. António Vilela responde, assegurando que autarquia apresenta “boa saúde” financeira.
“Gasta-se muito dinheiro mal gasto e perdem-se oportunidades, nomeadamente no que diz respeito a fundos comunitários. Este documento demonstra acima de tudo uma enorme falta de trabalho, uma falta de visão e de estratégia, capazes de promover Vila Verde e a qualidade de vida dos vilaverdenses”, criticam.
Segundo os socialistas, “não se compreende como a autarquia deve tanto dinheiro e como em simultâneo continuam a faltar infraestruturas básicas como saneamento, água e infraestruturas rodoviárias”.
Para o PS, o mais grave é o facto de a dívida “continuar a aumentar”, sendo que a autarquia tem, de acordo com os socialistas, “uma dívida que corresponde a 398,58 euros por habitante”, o que a coloca na segunda pior situação económica e financeira da região do Cávado, a seguir a Terras do Bouro.
“Num ano pagou-se 6,8 milhões de euros de dívida tendo contraído empréstimos no valor de 4,4 milhões de euros”, frisam, destacando que o documento “reflecte uma gestão de 20 anos, cansada, sem ideias, sem visão, com uma má execução de fundos comunitários, onde se aumenta a receita com impostos cobrados aos vilaverdenses (IRS)”.
Para o PS, “a Câmara deixou de ser o motor da economia local, os processos judiciais não param de aumentar e com isso aumenta o risco de pagar indeminizações avultadas por más decisões. Os subsídios estão reduzidos a praticamente nada”.
“Por via do endividamento excessivo, a autarquia ficou sem capacidade de investimento, não sendo capaz de executar fundos comunitários, desinvestindo na economia local e transferindo menos verbas para as freguesias”, frisam.
Segundo os socialistas, não é verdade que o município tenha taxas de execução de 91%, como o executivo PSD anunciou. “As transferências de capital apresentam uma execução de apenas 33%. Muito longe dos 90% apregoados nos jornais, Sr. Presidente. Estavam previstas receitas de 6,1 milhões de euros e apenas foram executados dois milhões de euros”, criticam.
“Este é um indicador alarmante, tanto mais porque esmiuçado o valor percebemos que está diretamente ligado à execução de fundos comunitários. Em 2016, o Município de Vila Verde executou apenas 349 mil euros em fundos comunitários. Um verdadeiro desastre quando comparado com os 4,3 milhões de euros do ano de 2015”, realçam.
VILELA DIZ QUE AUTARQUIA TEM “BOA SAÚDE” FINANCEIRA
Ao jornal O Vilaverdense, o presidente da Câmara assegura que o município apresenta “boa saúde” financeira, garantindo que, no final de 2016, reduziu a dívida de longo e médio prazo em 2,5 milhões de euros e a dívida total em 2,3 milhões.
O autarca realça, por outro lado, que em 2016 “foi feito um trabalho de base”, nomeadamente através do lançamento de diversos procedimentos, para que várias obras “estruturantes” possam ser executadas a partir deste ano com recurso a fundos comunitários.
“Temos feito um máximo aproveitamento desses fundos”, vinca António Vilela, lembrando que algumas candidaturas abriram apenas no final de 2016, pelo que não poderiam ser executadas nesse ano.
Segundo o autarca, em 2017 e 2018, a autarquia tem previsto um volume de investimento que ronda os 20 milhões de euros, abrangendo várias áreas, como o saneamento, a eficiência energética, a requalificação das escolas EB 2,3, as ciclovias e mobilidade sustentável, a Ecovia do Cávado e ainda outros projectos como a requalificação da zona da antiga adega cooperativa de Vila Verde.