A vereadora do PSD na Câmara de Caminha, Liliana Silva, acusou esta terça-feira o Instituto de Conservação das Florestas e Natureza (ICNF) de estar a fazer um abate “cego” de várias árvores centenárias na Mata Nacional do Camarido.
“É um corte cego de árvores centenárias que descaracterizou parte da Mata Nacional do Camarido”, disse em declarações à Lusa, Liliana Silva.
A ex-deputada do PSD na Assembleia da República e actual vereadora do PSD na Câmara de Caminha, adiantou que, na semana passada, após ter recebido denúncias de moradores daquela zona, deslocou-se ao local, apercebendo-se da “barbaridade” da intervenção que “ainda está em curso”.
Contactada pela Lusa, a propósito da posição assumida pelos três vereadores sociais-democratas durante a reunião do executivo municipal, na segunda-feira, Liliana Silva considerou tratar-se de um abate “exagerado” por parte do ICNF, que acusou de “estar a cortar árvores para vender a madeira”.
“Vamos agora fazer um comunicado oficial sobre o assunto para enviar para as entidades competentes”, disse, destacando o ICNF e o Ministério do Ambiente.
A Lusa enviou, por escrito, um pedido de esclarecimento ao ICNF, mas ainda não obteve resposta.
DESINFORMAÇÃO
Na posição assumida perante o executivo municipal de Caminha, de maioria socialista, os vereadores do PSD manifestaram o seu “total desagrado” pelo abate de “várias árvores, nomeadamente pinheiros e eucaliptos centenários”, lamentando “que o ICNF tenha afixado o edital a dar conta da intervenção em plena época de confinamento social (Março de 2020)”.
“Numa altura em que as pessoas não podiam circular foi feita uma intervenção violenta na Mata Nacional do Camarido, cortando árvores com vista à venda da madeira. Os vereadores do PSD não concordam com o desbaste feito, nem tão pouco que se continue a desinformar a população com argumentos, como os usados em reunião de Câmara pelo próprio presidente, de que 86% das árvores abatidas seriam acácias. Tal não corresponde à verdade e o mesmo foi testemunhado pelas dezenas de pessoas e associações ambientais que visitaram a zona para constatarem o que estava a ser feito”, referem.
Os vereadores do PSD entendem que “não se deve aceitar tudo o que o ICNF faz somente pelo facto de ser uma entidade pública e consideram, simultaneamente, que esse facto não os torna impermeáveis à crítica”.
Acrescentam não concordar com a intervenção do ICNF por lhes parecer “excessiva e despropositada, principalmente numa altura em que se colocam tantos problemas de erosão costeira”.
Não percebemos como se procede a um corte tão profundo de centenas de árvores, ainda por cima com o único intuito de venda. Lamentamos também a forma indigna como o próprio ICNF deixou toda a área de intervenção, incompatível com qualquer zona que se quer pautar pela qualidade das áreas para oferta turística ao público”, observam.