Até ao início da noite, só o BE, Chega, Livre, PAN, PCP e PS já tinham reagido à vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas.
BLOCO DE ESQUERDA
Na óptica da deputada bloquista Marisa Matias, a vitória de Donald Trump é também uma vitória também de Netanyahu
A deputada do BE Marisa Matias lamentou esta quarta-feira a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, considerando que representa a “vitória da política do ódio, do racismo e da xenofobia”
“Seja qual for a dimensão, a vitória de Donald Trump é uma péssima notícia, porque é uma vitória da política do ódio, do racismo, da xenofobia, da política que ataca mulheres, que ataca trabalhadores e, portanto, isso só é mesmo uma péssima notícia”, lamentou a deputada Marisa Matias, que falava aos jornalistas na Assembleia da República em reacção ao resultado das eleições presidenciais norte-americanas.
A deputada bloquista considerou também importante referir, contudo, que “todos os erros” da anterior presidência democrata Biden-Harris, “a começar pela promoção do genocídio em Gaza, só sairão agravados com esta vitória”.
Na óptica de Marisa Matias, a vitória de Donald Trump é também uma vitória também de Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e de Putin, presidente da Federação Russa.
“E desse ponto de vista, creio que a Europa, e não apenas a Europa, mas também Portugal, devem começar a fazer um sério caminho de autonomia, de promoção da paz, da cultura da paz e da autonomia dos povos”, alertou.
Para o BE, a vitória do candidato republicano representou uma “incapacidade de resposta” a quem trabalha, a quem tem que viver dos rendimentos do seu trabalho, lamentando sobretudo uma “ausência na política internacional de uma política para a paz e, antes, pelo contrário, a promoção da política da guerra”.
Marisa Matias salientou a existência de “candidatos e candidatas da esquerda progressista que tiveram votações muito expressivas”, pessoas que, na ótica do BE, “nunca alimentaram nenhuma ambiguidade do ponto de vista da política, seja ela da política económica, seja da política para a paz”.
“E o que sabemos hoje, também, a propósito disso, é que de cada vez que Trump começar a agravar as políticas do ódio, do racismo, atacar as mulheres, atacar migrantes, atacar trabalhadores, tem nestas pessoas quem lhe faça frente e resistência, e é com essas pessoas que, obviamente, estamos”, frisou.
CHEGA
O Presidente do Chega, André Ventura, considerou esta quarta-feira que os resultados das presidenciais nos Estados Unidos traduzem-se numa “grande vitória nos EUA” e apelou à mudança também na Europa.
Numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), André Ventura referiu que a vitória é “contra os interesses do sistema instalado, contra os meios de comunicação social tradicionais, contra o globalismo woke”.
“A América mudou hoje [quarta-feira] e virou à direita. A Europa tem de fazer o mesmo!”, sublinhou.
LIVRE
O porta-voz do Livre Rui Tavares sublinha que a vitória de Trump tem “um impacto muito grande sobre a Europa”
O Livre considera que se abriu uma “era nova” com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e anunciou que pedirá um debate parlamentar sobre as opções europeias do ponto de vista económico, social e de defesa.
“Isto não foi só uma eleição, isto é uma era nova. É uma era nova na política internacional, que é caracterizada agora pela existência de homens fortes e das chamadas democracias iliberais, em via de reforço de um poder autoritário em várias partes do mundo”, afirmou o deputado e porta-voz do Livre Rui Tavares.
O dirigente salientou que, neste momento, “não há nenhuma superpotência que não seja de uma forma ou de outra uma dessas democracias iliberais”, considerando que tal tem “um impacto muito grande sobre a Europa”.
“Lá por vivermos num novo tempo de Trump, não quer dizer que tenhamos que viver num mundo de Trump. A Europa pode fazer as suas próprias escolhas e é isso que terá que fazer porque, de outra forma, não sabe com o que é que pode contar”, defendeu.
O deputado salientou que, recentemente, foram entregues três relatórios na União Europeia – “o relatório Draghi sobre competitividade, o relatório Letta sobre a economia europeia e mais recente ainda, na semana passada, o relatório Niinisto, sobre segurança e defesa na Europa”.
“O Livre convocará, tão cedo quanto possível, logo após o intervalo para os trabalhos orçamentais, um debate em plenário” sobre estes temas, anunciou.
“Temos que voltar a fazer debates muito antigos na Europa e alguns deles muito difíceis, como a construção de uma comunidade europeia da defesa”, justificou.
Questionado quais devem ser essas opções europeias, Rui Tavares alertou que a Europa terá de se reforçar como “um actor democrático no mundo”, posição em que está agora mais isolado
“Não acreditamos que a cooperação com Donald Trump seja uma cooperação que nos possa dar motivos de confiança, quem acreditará se Donald Trump disser que respeitará ou não o artigo 5º da NATO?”, exemplificou, considerando que “é na União Europeia que este debate tem que ser feito”.
PAN
Para a deputada única do PAN, a “Europa não deve ficar isolada”, mas sim reforçar “o seu compromisso com a segurança, com a paz”
O partido considera esta quarta-feira que foi dado “um passo atrás” nos Estados Unidos da América, com a vitória de Donald Trump, e pediu que a União Europeia reforce o combate às alterações climáticas e a defesa da democracia.
“Hoje [quarta-feira] foi dado um passo atrás nos Estados Unidos, mas isso não deve desesperançar-nos, pelo contrário. Deve sim reforçar o nosso compromisso com a democracia, com o combate às alterações climáticas e com os direitos humanos”, salientou Inês Sousa Real, que falava aos jornalistas na Assembleia da República.
Na opinião da deputada única, a “Europa não deve ficar isolada” mas sim reforçar “o seu compromisso com a segurança, com a paz, com a adaptação dos Estados-membros para os efeitos das alterações climáticas”, lembrando as recentes inundações em Valência, Espanha.
Inês Sousa Real salientou que estão em causa “ciclos políticos” e, por isso mesmo, “a Europa deve reforçar o pilar da segurança, do combate às alterações climáticas e acima de tudo dos direitos humanos”, nomeadamente em matérias de igualdade de género.
Donald Trump proclamou esta quarta-feira de madrugada vitória nas eleições presidenciais de terça-feira, que entretanto foi confirmada pelas projeções de vários órgãos de comunicação social.
PCP
O PCP considera que a eleição de Trump traduz o “acentuado nível de degradação” do sistema político norte-americano e o “descrédito das elites dominantes” após os anos da administração Biden.
Em comunicado, os comunistas alegam que a eleição de Trump é resultado de “uma acentuada crise económica e social, com a deterioração das condições de vida dos trabalhadores”, que consideram ter defraudado “a vontade e a expectativa de uma efectiva mudança de política no plano interno e externo”.
Como exemplo, o PCP aponta “o apoio à política genocida de Israel contra o povo palestiniano” e “a promoção de uma perigosa escalada de confrontação no plano mundial”.
Os comunistas criticam “o degradante espectáculo da campanha eleitoral, assim como o carácter opaco e antidemocrático do sistema eleitoral”, que “traduzem o acentuado nível de degradação a que chegou o sistema político dos EUA, que, entretanto, se arroga no direito de dar ao mundo lições de “democracia”.
“Um sistema onde se multiplicam mecanismos e manobras que visam subverter a expressão da vontade popular, desde logo, o controlo a partir do financiamento das campanhas pelos grupos económicos e financeiros, incluindo os do sector do armamento”, sustentam.
Para o PCP, a eleição de Trump, “com a sua agenda profundamente reaccionária, não só representa a continuação e aprofundamento da política ao serviço dos interesses do capital financeiro, como da estratégia de confrontação, ingerência e agressão que visa impor o domínio do imperialismo norte-americano no plano mundial, com o que representa de séria ameaça à paz, à soberania e aos direitos dos povos, à segurança internacional”.
Depois de reafirmar a sua solidariedade com os comunistas e as forças e sectores progressistas dos Estados Unidos, o PCP salienta que, “ao contrário do que sugere a generalidade da comunicação social dominante, não serão os EUA, qualquer que seja o seu presidente, mas a luta dos trabalhadores e dos povos pelo progresso social e a paz, que em definitivo determinarão o rumo da evolução mundial”.
PS
O secretário-geral do PS afirmou esta quarta-feira que respeita os resultados eleitorais nos Estados Unidos e disse esperar que o país seja “parte da construção da paz” e que continue a aprofundar as suas relações com Portugal.
Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PS, em Lisboa, Pedro Nuno Santos frisou que, “enquanto secretário-geral do PS e democrata”, respeita os resultados eleitorais nos Estados Unidos e a escolha dos cidadãos americanos.
“O que espero, enquanto cidadão português, europeu, do mundo, é que os Estados Unidos possam ser parte da construção da paz no nosso globo, na Europa, no Médio Oriente e não o contrário. Esse é o meu maior desejo em relação ao futuro dos Estados Unidos”, frisou.
Questionado sobre o que é que acha que uma presidência de Donald Trump pode mudar nas relações com Portugal, Pedro Nuno Santos disse esperar que o país continua a aprofundar as suas relações com Washington.
“Os últimos anos têm sido muito ricos desse ponto de vista: um grande número de cidadãos norte-americanos tem descoberto o nosso país, e isso é muito importante para nós, para a nossa economia, para Portugal”, frisou.
O secretário-geral do PS defendeu que a relação entre Portugal e os Estados “é essencial”.
“Portugal é um país europeu, integrado no espaço europeu, mas que nunca deve perder a sua vista atlantista. Nós somos um país Atlântico e a relação com os Estados Unidos da América é fundamental para assegurar um bom futuro também para nós”, frisou.
Com Agências