No decorrer das obras de restauro da Igreja da Misericórdia de Barcelos, os especialistas da Universidade do Minho e da Arquidiocese de Braga que acompanham a intervenção detectaram património artístico em deterioração, além do que já era previsto, pelo que não se podiam limitar ao telhado e à Capela-Mor.
Assim, também o Altar de Santo António, o Altar de Nossa Senhora da Conceição, o Altar do Senhor da Cana Verde, as sanefas, bem como as molduras e pinturas da Igreja, estão a ser ou serão ainda beneficiados com trabalhos de restauro. Iniciadas em Julho, as obras de conservação e restauro já permitiram dar nova vida ao património intervencionado. Entre ele, estão duas obras de arte, uma retratando a Conversão de S. Paulo, a outra a Ceia de Emaús.
“Procedendo-se à limpeza dos dois grandes quadros de pintura sobre tela, que estavam na Capela-Mor da Igreja da Misericórdia, descobriu-se que as pinturas têm agora uma leitura completamente diferente. Vamos esperar pelo final da limpeza para se perceber o seu verdadeiro carácter”, explicou Paula Bessa, historiadora de arte e investigadora da Universidade do Minho.
O provedor da Misericórdia de Barcelos, Nuno Reis, afirma que “os trabalhos de investigação ajudarão a lançar mais luz sobre a importância destas obras de arte, considerando que “é preciso dar tempo ao tempo e, sobretudo, continuar a fazer as obras de restauro que têm de ser feitas e da forma mais correcta”.
Nuno Reis deixa ainda um apelo: “quando se fala desta igreja, fala-se de um património que não é apenas importante para a instituição, é de interesse para a região. É inegável o seu valor histórico, cultural e religioso. Infelizmente não existem tantos beneméritos como no passado, mas o pouco que cada um possa doar para ajudar a concretizar esta obra de interesse público é bem-vindo”.
Entretanto, a intervenção na Igreja da Misericórdia prossegue, estando a conclusão dos trabalhos prevista para o final de Outubro.