Um repórter afegão da estação pública britânica BBC foi esta sexta-feira morto a tiro na província de Khost, no sudeste do Afeganistão, elevando para 10 o número de jornalistas mortos nas últimas horas naquele país
“É com grande tristeza que a BBC confirma a morte do nosso repórter afegão Ahmad Shah na sequência de um ataque”, informou a estação britânica num comunicado, horas depois de um duplo atentado suicida na capital afegã, Cabul, ter matado pelo menos 25 pessoas, nove das quais jornalistas, e ferido outras 45.
O dia está a ser considerado como um dos mais mortíferos para os profissionais da comunicação social naquele país desde a queda do regime talibã, em 2001.
Entre os profissionais que perderam a vida no duplo atentado em Cabul está o repórter fotográfico da France Presse (AFP) Shah Marai, que trabalhava na agência noticiosa francesa desde 1996 e que conhecia bem a realidade afegã.
Shah Marai fez trabalho jornalístico no Afeganistão durante o período em que o país esteve sob o controlo do regime talibã e durante a invasão das forças norte-americanas em 2001.
O Ministério do Interior afegão indicou que entre os jornalistas mortos em Cabul estão cinco profissionais que trabalhavam para televisões afegãs, incluindo o canal Tolo News, que em 2016 foi alvo de um ataque reivindicado pelos talibãs. Na altura, sete pessoas morreram.
Segundo as agências internacionais, os jornalistas morreram numa segunda explosão, quando estavam a fazer a cobertura jornalística de um primeiro ataque suicida que teve como alvo um posto de controlo no bairro de Shash Darak, no centro de Cabul e perto das instalações locais da NATO e da embaixada dos Estados Unidos.
O duplo atentado foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
O repórter afegão da BBC morreu em outro incidente ocorrido na província de Khost, perto da fronteira com o Paquistão.
O Afeganistão ocupa o 118.º lugar em 180 países no índice de liberdade de imprensa estabelecido pela organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras (RSF).
A organização, com sede em Paris, reforçou esta segunda-feira os apelos para a nomeação de um representante especial da ONU para os jornalistas em sequência destes incidentes.
Fonte: Visão