O “Jardim Brasil”, de “homenagem à comunidade brasileira” residente em Braga, que está a ser construído nas imediações da cidade, está a despontar alguns actos de xenofobia e racismo, segundo o presidente da câmara, Ricardo Rio.
“Em homenagem à comunidade brasileira, estamos a construir o ‘Jardim Brasil’. Tal como prometido, estamos a recuperar um espaço verde, com 2.500m2 na rua Dr. José António Cruz. Terá um parque canino, zona verde e de lazer”, escreve o vereador do Ambiente, Altino Bessa, numa publicação nas suas redes sociais.
Face a alguns comentários também em publicação na sua página de Facebook, o presidente Ricardo Rio escreve mostra-se desagradado: “Em poucos dias, por entre algumas dezenas de perfis falsos e os xenófobos habituais, alguns Bracarenses deixaram-se entusiasmar a vociferar contra a Festa Junina em Braga e a abertura próxima do ‘Jardim Brasil’”.
O autarca assinala ainda que, «no primeiro caso, a ignorância não serve de justificação para muitos dos disparates escritos. A iniciativa promovida pela Associação UAI, presta tributo a uma tradição brasileira que vem do tempo dos descobrimentos, de homenagem aos santos populares, com particularidades que qualquer consulta simples à Wikipédia pode ajudar a conhecer».
Vai mais longe: «Não se trata, como alguns fizeram crer, uma versão “Brasileira” do S. João de Braga. E se qualquer comunidade radicada em Braga quiser evocar as suas tradições em que é que isso incomoda os “locais”?».
Na sua extensa comunicação, Rio lembra “nova comoção, porque em reconhecimento do apoio de quem entendeu oferecer todas as árvores aí plantadas, se optou por baptizar o Jardim com o nome do seu País de origem”.
Na óptica do edil “haveria muito para dizer sobre o contributo que boa parte dos 15.000 brasileiros radicados na cidade e muitos outros milhares das 130 nacionalidades aqui presentes têm dado para o desenvolvimento económico da cidade e, até, para a salvaguarda de diversos sectores e serviços essenciais.
Falando, por exemplo, com empresários de inúmeras áreas económicas e com as associações empresariais, todos clamam pela atracção de mais talento”.
Lembra, a propósito, que “Braga tem sido um extraordinário exemplo de integração, como bem demonstram as várias escolas públicas em que mais de 30/40 nacionalidades de crianças convivem em harmonia. Não posso deixar de questionar a tolerância de muitos com a emergência deste discurso xenófobo, ora explícito, ora dissimulado”.
Finaliza: “Pergunto até, às forças políticas que ontem concordaram com a realização de campanhas de sensibilização contra o consumo excessivo de álcool, se não devíamos também desenvolver campanhas contra este discurso de ódio e de intolerância que alguns querem estimular. Felizmente, esse não é o retrato de Braga, nem da maioria dos Bracarenses”.