O presidente do PSD afirmou este sábado que quer ouvir o Conselho Nacional sobre o calendário interno, dizendo que “podem entrar 1001” propostas, mas cabe à direcção e ao presidente do partido marcar a data das directas e Congresso.
À entrada para o Conselho Nacional, que decorre em Barcelos, Rui Rio foi questionado se estaria disponível para aceitar uma proposta subscrita pela maioria das distritais do PSD para que, num prazo máximo de dez dias, se fixe um calendário eleitoral interno.
“Estatutariamente é a Comissão Política Nacional (CPN) que tem de fazer isso, não pode ser de outra maneira, podem entrar na mesa 1001 propostas, mas não têm esse poder, esse poder está do lado da CPN e do presidente do partido. E o presidente do partido quer ouvir, logo tomará a decisão que mais se adequa ao que vai ouvir”, afirmou.
Questionado se de Barcelos, no final da reunião, poderá ter esse calendário já definido, Rio respondeu negativamente, remetendo essa definição para uma reunião da direcção alargada.
Instado novamente a comentar o pedido de um novo Conselho Nacional em dez dias para marcar o calendário por parte das distritais, Rio respondeu com ironia.
“Também podem pedir que haja Natal ou Páscoa, é evidente que todos os anos há, é evidente que vai haver directas e congresso”, disse.
Questionado se estaria disponível para ficar para lá do prazo que o próprio definiu – no máximo até início de Julho -, o presidente do PSD diz que teriam de lhe “explicar a utilidade de alguma coisa em concreto” para tal cenário.
Recorde-se que no início de Fevereiro, alguns dias depois da derrota eleitoral do PSD, Rui Rio confirmou que irá deixar a presidência do partido – cargo que ocupa desde Janeiro de 2018 – e remeteu para o Conselho Nacional a tarefa de definir o ‘timing’, embora manifestando disponibilidade para se manter até ao início de Julho.
Na reunião deste sábado, deve ser apresentada uma proposta de deliberação assinada por 17 das 19 distritais do PSD (ficam de fora Aveiro e Évora) que pretende que, num prazo máximo de dez dias, se realize uma nova reunião deste órgão e sejam marcadas eleições directas e Congresso.
Na proposta a que a Lusa teve acesso, as distritais propõem que o Conselho Nacional delibere, em primeiro lugar, que “o horizonte temporal publicamente definido pelo presidente do PSD, Dr. Rui Rio, para a eleição e tomada de posse de uma nova direcção do PSD, seja escrupulosamente observado, pelo que é imprescindível que o processo esteja concluído até ao final do 1.º semestre de 2022”.
Num segundo ponto, as distritais querem levar a votos que “o Conselho Nacional reúna no prazo máximo de 10 dias com vista a apreciar e deliberar a proposta de Regulamento e Cronograma da Eleição Directa e do 40.º Congresso Nacional do PSD a ser apresentada pela Comissão Política Nacional (CPN)”, isto se não for possível fazê-lo já na reunião deste sábado.
O Conselho Nacional do PSD está em Barcelos para fazer a análise dos resultados das legislativas e debater o modo e o tempo da saída de Rui Rio da liderança do partido.
Na ordem de trabalhos da reunião, que começou a meio da tarde deste sábado, está a aprovação das contas do partido e, num segundo ponto, a “análise dos resultados das eleições legislativas e da situação política e decisão sobre processo eleitoral para os órgãos nacionais do partido”.
Rui Rio defendeu que a reunião de Barcelos “é um Conselho Nacional normal após eleições legislativas”.
“Eu coloquei um tema adicional, a possibilidade de termos congresso e eleições antecipadas porque, face ao resultado eleitoral, não via utilidade de ficar até ao fim do mandato”, afirmou.
“Quero ouvir o que o Conselho Nacional acha dos resultados e, relativamente ao Congresso, se deve ser daqui a mais ou menos tempo”, afirmou.
O presidente do PSD recusou que fosse mais útil marcar já este sábado esse calendário, considerando que tal deve ser feito “com calma, tranquilidade, serenidade e maturidade”.
“Saímos de um congresso há muito pouco tempo, este Conselho Nacional nunca reuniu, não podemos ter congresso mês sim mês não, o partido tem de ter sentido de responsabilidade”, afirmou.
Redacção com TSF