As tropas russas bombardearam esta quarta-feira à tarde um teatro de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, que servia de abrigo a centenas de civis residentes na cidade cercada, fazendo um número ainda indeterminado de mortos e feridos, segundo fontes ucranianas.
Serhiy Orlov, vice-prefeito de Mariupol, garantiu que um bombardeamento russo atingiu o teatro da cidade, o ‘Drama Theatre’, no qual albergava diversos civis – foram estimados que estivessem presentes entre 1.000 e 1.200 pessoas, entre crianças e idosos, que procuravam fugir das atrocidades da guerra.
O número de vítimas ainda é desconhecido. Sabe-se que os destroços do prédio bloquearam a entrada do abrigo antibombas.
A Rada (Parlamento) da Ucrânia indicou que no interior do teatro, que ficou reduzido a escombros, tinham-se refugiado dos bombardeamentos muitos civis e que se desconhece se há sobreviventes, porque nas imediações do edifício decorre uma intensa batalha e ninguém consegue entrar na zona.
O conselho da cidade de Mariupol afirmou em comunicado: “Ainda é impossível estimar a escala desse acto horrível e desumano.”
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, declarou que se trata de “outro horrível crime de guerra” cometido pela Rússia em Mariupol.
“Houve um maciço ataque russo ao Drama Theater, onde estavam refugiados centenas de civis inocentes”, escreveu o ministro na rede social Twitter, acrescentando, em tom irónico, que “os russos não podiam saber que era um refúgio civil”.
A situação é desesperada desde há dias em Mariupol, uma estratégica cidade portuária ucraniana na costa do mar interior de Azov, localizada entre a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014) e o leste separatista de Donbass, pelo que a sua conquista é um objectivo prioritário das tropas russas.
Cerca de 300 mil pessoas estão presas sem água corrente, electricidade ou gás. Alimentos e abastecimentos médicos estão a acabar e a Rússia não permitiu a entrega de ajuda humanitária.
A cidade está sob constante bombardeamento russo desde o início da guerra, e bairros inteiros foram transformados em terrenos baldios. Na semana passada, um ataque a um hospital deixou cinco mortos.
O Ministério da Defesa da Rússia negou ter realizado um ataque ao teatro, informou a estatal russa Ria.