Setenta e quatro horas depois de lhe ter cortado o fornecimento de eletcricidade, a empresa GoldEnergy, informou o cliente de que não se tratou de um mero corte, mas sim de uma rescisão de contrato. Sem aviso prévio e sem ter sido ouvido. E obrigando-o a mudar de fornecedor e a ficar uma semana sem luz, em pleno século 21.
A Gold – assegura a vítima – diz que utilizou a luz com o contador cortado, mas Filipe Branco e mulher asseguram que tal nunca sucedeu e acusam a Gold de desrespeito pelos cidadãos e pelas normas legais. E vão para o Tribunal Arbitral pedir indemnizações por danos materiais e morais, já que estiveram quase quatro dias à luz da vela, a ter de comer em restaurantes e sem poder trabalhar, já que um deles o faz a partir de casa.
Na manhã desta segunda-feira, e na presença do PressMinho, o cliente ligou para o número pago da Gold e a resposta foi a mesma: o contrato foi rescindido por uso indevido da electricidade. Motivo: a EDP distribuição cortou a luz em Janeiro de 2015 e o cliente não respeitou o corte.
Filipe Branco bem argumentou que o corte nunca fora efectuado e que não procedeu a nenhuma ligação clandestina, sendo tal demonstrável por uma peritagem. De resto, e nos 21 meses que entretanto decorreram pagou as facturas que lhe foram enviadas e foi diversas vezes à loja do agente de Braga, nada lhe tendo sido dito sobre o assunto. Fez mesmo um novo contrato no Porto, de gás, para uma familiar.
Desenrasque-se
Argumentou, ainda, que a Gold deveria tê-lo ouvido sobre o assunto, mas a Gold não quis saber e reafirmou que o contrato estava rescindido e ponto final, desenrasque-se!
Conforme noticiámos, na última sexta-feira, e sem aviso prévio, a GoldEnergy pediu à EDP distribuição que lhe cortasse a luz da residência, o que sucedeu pelas 09 horas. O cliente pagou a religação, mas ficou três dias sem luz.
Filipe Branco, (devidamente identificado) dirigiu-se, de imediato, para a loja da Gold, onde lhe foi dito que o sistema informático tinha registado que a luz estava cortada desde Janeiro de 2015, o que não correspondia à verdade. Teriam sido os membros da equipa da firma Painhas, de Viana do Castelo, a quem a EDP paga os «cortes», que deu a indicação de «cortado» naquela longínqua data.
De acordo com o seu relato, a funcionária deu-lhe essa explicação, dizendo que o corte de luz não se devia a facturas em atraso. Apesar disso, pagou, pelas 10h00 da manhã, uma nova factura – que se vencera apenas um dia antes – e mais os 22 euros de ‘taxa’ de reposição da electricidade.
O cliente dispôs-se a pagar mais 25 euros de ‘taxa de urgência’, para garantir que não ficaria sem luz no fim-de-semana, mas foi-lhe dito que tal não seria preciso porque, “pelo meio-dia”, o serviço estaria reposto. Tese confirmada pelas 11h30 quando telefonou para a loja a perguntar pelo andamento da ‘reposição’: “vai ver que estão aí ainda a tempo de poder fazer o almoço”…
Como tal não aconteceu, o utente fez, à tarde, diversas tentativas de contactar a loja, mas sem sucesso, dado que a única funcionária tinha consulta médica e não havia ninguém para a substituir.
Ligou, então, para o número pago da Gold, onde, por uma outra funcionária, lhe foi dito que, mesmo que pagasse a tal ‘taxa de urgência’ já não lhe seria reposta a luz. Bem argumentou que tinha filhos em casa e trabalhava a partir dela. Nada feito!
O mesmo cliente explicou-nos que no começo do mês se tinha dirigido à loja e tinha pago uma factura de 84 euros, tendo ficado uma outra de igual valor por liquidar.
“Garantiram-me que podia fazê-lo até ao dia 20, porque não estavam ainda para ‘corte’”, afirma. Por outro lado, e desde Janeiro de 2015, deslocou-se diversas vezes ao local, nunca lhe tendo sido dito que havia o tal problema.
A ‘vítima’, que passou o fim-de-semana à luz da vela e teve de gastar dinheiro a comer fora e ficou sem os congelados, restou-lhe pedir o livro de reclamações. E vai mudar de fornecedor, dado que a GoldEnergy – assegura – “tem um longo historial de queixas de clientes, por incompetência e abuso”. As quais, e segundo testemunhas da zona, “é frequente suceder na loja de Braga”.
A ‘Gold’ não tem serviço de imprensa ou de Relações Públicas, pelo que não foi possível conhecer a sua justificação para o caso.
FG (CP 1200)