O antigo ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, foi eleito esta terça-feira novo presidente do Parlamento alemão (Bundestag). O veterano político, de 75 anos, assume o papel de árbitro da 19.ª legislatura do Parlamento alemão, que neste mandato conta com o maior número de deputados de sempre e pela primeira vez, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, integra membros de extrema-direita.
Wolfgang Schäuble foi eleito com 501 votos a favor, 173 contra, 30 abstenções e um voto nulo para o segundo cargo mais alto do Estado alemão. No discurso de tomada de posse, o ex-ministro salientou que “raramente um Parlamento se diferencia tanto do precedente”, referindo-se à entrada de dois novos grupos parlamentares nas bancadas do Bundestag: os liberais do FDP e a extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD).
É sobretudo nesta última que os olhos de Wolfgang Schäuble estão colocados. O partido eurocéptico e anti-imigração conquistou nas eleições gerais alemãs de 24 de Setembro 94 deputados, tendo sido a terceira força política mais votada na consulta popular. Em resultado das eleições, o novo Parlamento alemão passou a ter 709 deputados, em vez dos anteriores 630. A idade média dos deputados do Bundestag é de 49,4 anos, dos quais 30,7% são mulheres e 59,2% foram reeleitos.
“As mudanças no nosso Parlamento refletem as mudanças na nossa sociedade”, afirmou. “Fico feliz com essa nova tarefa porque aqui está o coração da democracia. Este é o elo de ligação, de concentração sobre questões importantes sobre como se vai mudar a sociedade na Alemanha e na Europa”.
A inauguração do novo Parlamento, com a eleição de Wolfgang Schäuble, acontece no mesmo dia em que está prevista a segunda reunião entre democratas-cristãos (CDU), democratas-liberais (FDP) e verdes para tentar formar uma coligação que permita à chanceler Angela Merkel assegurar a governabilidade do país.
As diferenças programáticas entre a designada “coligação Jamaica” – assim conhecida devido às cores dos partidos (preto, amarelo e verde) – devem prolongar as negociações até ao final do ano.
FG (CP 1200) com Jornal Económico