Cerca de seis mil famílias do distrito de Gorongosa, centro de Moçambique, afetadas pela fome devido à crise política e militar entre o Governo e a Renamo, principal partido de oposição, começaram a receber assistência alimentar.
Falando durante a cerimónia de entrega dos donativos, a governadora da província de Sofala, Maria Helena Taipo, disse que, no âmbito da distribuição dos donativos, as autoridades províncias vão dar prioridade a idosos, deficientes e crianças, num apoio que prevê que cada família receba, até março, 50 quilos de milho, 25 de arroz e seis de feijão.
“A palavra fome tem de ser deixada para história”, declarou Helena Taipo, incentivando as populações a não dependerem de donativos e a aproveitarem o período chuvoso para apostarem na agricultura.
“Vocês, dentro de alguns meses, devem começar a autossustentar-se”, afirmou a governadora, que entende que a suspensão das hostilidades militares entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado de oposição abre espaço para que as famílias do distrito produzam mais.
O centro do país tem sido assolado por conflitos militares entre as Forças Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder há mais de 40 anos, de fraude no escrutínio.
Em finais de dezembro, após conversas telefónicas com o Presidente moçambicano, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como “gesto de boa vontade”, tendo, posteriormente, prolongando o seu prazo para 60 dias.
Os trabalhos da comissão mista das delegações do Governo e da Renamo constituída para preparar o encontro entre os líderes das duas partes pararam em meados de dezembro sem acordo sobre o pacote de descentralização, um dos temas essenciais das negociações de paz.
Na altura, o coordenador da equipa de mediação, Mario Raffaeli, indicado pela UE, disse que os mediadores só regressarão a Maputo se forem convocados pelas partes.
O Presidente moçambicano e o líder da Renamo acordaram a criação de um grupo de trabalho especializado para discutir o pacote de descentralização.
A permanência da mediação internacional é exigida por Afonso Dhlakama no grupo da comissão mista, que vai tratar dos outros assuntos da agenda das negociações de paz.
Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição, bem como sua reintegração na vida civil.
Fonte: Sapo24