Em termos de corrupção e criminalidade/segurança, dois terços dos inquiridos entendem que a situação é hoje pior do que antes do 25 de Abril, de acordo com o estudo ‘Os Portugueses e o 25 de Abril’ e outros 44% consideram que Portugal é uma democracia com “muitos defeitos”.
Estas conclusões constam de um estudo divulgado esta sexta-feira pela Comissão Comemorativa e realizado por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
Em metade das áreas em análise, a maioria dos inquiridos considera que a situação é hoje melhor, caso da assistência médica (74%), do nível de vida em geral (71%), da segurança social (68%), da situação económica (62%), da protecção do ambiente (60%) e da convivência social e civismo (57%).
Porém, as respostas reflectem as condições sociais e económicas em que os estudos são produzidos. No presente inquérito, a “excepção mais clara” às melhorias identificadas é a questão da habitação.
“De facto, enquanto 61% detectavam melhorias em 2004 – valor que aumentou para 74% em 2014 -, em 2024 já só 47% consideram que neste âmbito as coisas melhoraram desde o 25 de Abril”, notam os autores do trabalho, coordenado por Pedro Magalhães.
A maioria dos inquiridos (56%) considera que Portugal deve celebrar o 25 de Abril, mas também o 25 de Novembro, que marcou o fim do chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC).
Cerca de um terço defende apenas a celebração do 25 de Abril.
A maioria dos inquiridos (57%) manifesta-se “muito” ou “razoavelmente satisfeita” com a forma como funciona a democracia em Portugal, o “valor mais elevado” obtido nos três estudos comparativos (2004, 2014 e 2024).
A satisfação é “tendencialmente menor” entre os inquiridos que se posicionam à direita ou ao centro, do que entre os que se declaram de esquerda. Entre o grupo de simpatizantes com o Chega, “a expressão de satisfação é minoritária”.
Entre os inquiridos, 44% reportaram que Portugal é uma democracia com “muitos defeitos”.
Mas a grande maioria (67%) considera Portugal tão democrático como os restantes países europeus.
Os simpatizantes com o Chega expressaram mais a ideia de que em Portugal o regime é “menos democrático do que os outros”, face aos simpatizantes do PS e do PSD e aos que não manifestam simpatia partidária.