Quatro alunos de Informática da Universidade do Minho criaram um software que está a transformar a relação do nutricionista com o paciente. Agora é possível sair da consulta com o plano alimentar numa aplicação móvel, indicar de modo simples se se cumpre as refeições e ainda receber alertas. A plataforma, chamada Nutrium, já é usada por clínicas de nutrição em Portugal e no Brasil.
O potencial de internacionalização é grande. O mercado da nutrição clínica vale 38 mil milhões de dólares e cresce 5% ao ano, envolvendo três milhões de nutricionistas e dietistas em todo o mundo. O Nutrium tem capacidade para chegar a 50 milhões de utilizadores (pacientes e nutricionistas) anuais, diz o coordenador do projeto, André Santos. “Há cada vez mais cidadãos preocupados com a sua nutrição, por razões de bem-estar, desportivas e sociais. Em paralelo, tem havido um acompanhamento crescente a pacientes com preocupações alimentares, como os obesos, hipertensos e diabéticos”, realça.
O projeto Nutrium tem tido um percurso ímpar em pouco tempo. Venceu o Prémio Jovens Empreendedores do concurso de ideias de negócio SpinUM, entrou para a incubadora Startup Braga (apoiada pela Microsoft Ventures), obteve financiamento da Primavera BSS e originou a criação da nova spin-off da UMinho, a Healthium – Healthcare Software Solutions, Lda. A equipa estabeleceu ainda parcerias com as associações portuguesas de nutricionistas e de dietistas, gerou algum impacto mediático e há dias recebeu a visita do primeiro-ministro António Costa e do secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos.
Em termos práticos, este serviço na ‘nuvem’ é vendido aos dietistas e nutricionistas, que criam fichas individuais de utentes, incluindo a história clínica, os hábitos alimentares, a prática desportiva, as medições e o plano de consultas.
“A ideia é simplificar o trabalho do especialista, permitindo-lhe seguir de perto cada paciente”, descreve André Santos. “Já para o paciente, a ferramenta motiva-o a cumprir o plano alimentar, que pode consultar sempre, além de avisar a hora das refeições e registar as medições e incumprimentos”. Dessa forma, o profissional pode detetar falhas ao plano, fazer alterações ou até antecipar a data da próxima consulta.
Tecnologias ainda em papel e Excel
André Santos vinca que as tecnologias nesta área “estão num estado primitivo, muito baseadas em folhas de papel e de Excel”. Por isso, o Nutrium “tem muito potencial” para crescer. “Basta pensar que somos cada vez mais confrontados com doenças devido a má alimentação. A Organização Mundial de Saúde considera a obesidade a epidemia do século XXI, podendo atingir metade dos portugueses já em 2025”.
O Nutrium quer ainda chegar a utentes com acesso limitado a smartphones, emails e sms, como as pessoas idosas e com deficiência, através do desenvolvimento de soluções alternativas.
O projeto foi fundado por André Santos, Diogo Alves, Pedro Carneiro e Pedro Maia (todos do mestrado em Informática da UMinho), tendo ainda a colaboração de Diogo Martins (mestrado integrado em Engenharia Informática) e dos jovens Paulo Rodrigues, Diana Cruz e Maria Silva, de Ciências da Nutrição. O site oficial é http://nutrium.io.
Luís Moreira (CP 8078)